28 Set 2023

Salvador vai sediar o primeiro Workshop Afro Hair, que abordará transplante capilar no cabelo afro

Cidade mundialmente famosa pela herança africana em diversas áreas e por sua população majoritariamente negra, Salvador será palco do inédito Workshop Afro Hair, organizado pela Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar (ABCRC). O evento irá acontecer entre os dias 12 a 15 de outubro, no Hotel Deville Prime Salvador, em Itapuã.

Segundo a organização, que escolheu a cidade “a dedo”, o evento será uma oportunidade imperdível para profissionais especialistas em medicina capilar que buscam aperfeiçoar seus conhecimentos em tratamentos, técnicas, cuidados e tecnologias destinadas aos cabelos crespos e cacheados. Além disso, o ambiente será propício para ampliar a rede de contatos profissionais através da troca de experiências com médicos que são referências na área. 

Mais de 30 palestrantes dermatologistas e cirurgiões plásticos de renome mundial no campo de transplante capilar estão confirmados no evento, onde irão compartilhar suas sabedorias e experiências.

Desafios do transplante no cabelo afro
Atualmente, o Brasil já realiza mais de 6 mil transplantes capilares por ano, conforme dados do Censo 2023 da ABCRC. No entanto, segundo especialistas, a restauração em cabelos crespos e cacheados, chamados “afro” na comunidade médica, são os mais desafiadores.



Segundo o especialista nigeriano Dr. Sanusi Umar (foto acima), coordenador científico do Workshop, cirurgião plástico e uma das principais referências em transplante capilar de cabelo afro no mundo, grande parte desse desafio está nas particularidades que o cabelo afro apresenta, como na coleta de enxertos, espessura da pele, cicatrização, entre outros. Felizmente, os recentes avanços tecnológicos que serão abordados no evento são capazes de resolver esses problemas de maneira segura e eficaz. 

“É indiscutível a grande população de afrodescendentes no país, e muitos brasileiros têm o tipo de cabelo crespo que compartilha semelhanças com o cabelo afro. Com este evento, a ABCRC procura chamar a atenção para esta fronteira final do transplante capilar e também aproveita a oportunidade para celebrar todo o progresso que temos até o momento, tanto nas tecnologias quanto em nossa compreensão geral do cabelo afro”, acrescenta o Dr. Umar.

A médica cirurgiã plástica e coordenadora científica do evento, Dra. Maria Marta Mattos Zollinger (foto abaixo), ressalta que os procedimentos demandam mais técnica, pois o cabelo afro conta com algumas particularidades. 



“O cabelo afro é delicado e fino. A área doadora geralmente é menor que a dos demais pacientes. É tecnicamente mais difícil, o desenho da linha do cabelo segue outro padrão para naturalidade, exige mais tecnologias e experiência do cirurgião. É um paciente que requer mais atenção no pós-operatório porque tem muita oleosidade no couro cabeludo e mais tendência a foliculites. Por isso, é tão importante capacitar os médicos brasileiros para lidar com transplantes neste tipo de cabelo, afinal, o Brasil é um país com uma grande parcela de pacientes com cabelos crespos”, destaca Marta Zollinger.

Também é preciso levar em consideração que as técnicas usadas para o cabelo afro variam de acordo com o tipo de pele de cada paciente

“O que torna o transplante de cabelo afro especial é a combinação do grau de crespo do cabelo com as características da pele. Quanto mais crespa e grossa for a pele, mais desafiador será o processo. Geralmente, os pacientes com espessura de pele média podem ser tratados com sucesso na maioria das técnicas FUE, enquanto pacientes com pele mais espessa requerem ferramentas e técnicas especializadas”, explica o coordenador científico do evento, Dr. Umar Sanusi.

Palestrantes internacionais e programação científica
O evento contará com a presença de profissionais renomados, totalizando 15 professores brasileiros e 16 estrangeiros, com uma vasta carga de conhecimentos e experiências para compartilhar. A programação científica abrange desde os conceitos básicos até as enriquecedoras experiências práticas, tudo distribuído ao longo de quatro dias para garantir um ritmo envolvente e a máxima absorção de conhecimento por parte de todos os participantes.

O primeiro dia será concentrado em conceitos básicos, como a área doadora, tricoscopia, as causas da queda de cabelo em pacientes afro, anatomia do cabelo, alopecia por tração, bem como a classificação dos cabelos cacheados.

No segundo dia, temáticas mais aprofundadas terão destaque, como cicatrizes hipertróficas e queloides, como combater o sangramento no FUE afro, complicações no paciente afro, prevenção e tratamento, entre outros tópicos.

Já no terceiro dia haverá transmissões de cirurgias ao vivo, mostrando na prática todos os pontos apresentados durante os dois dias anteriores. E o quarto dia fica reservado para uma atividade em que os profissionais poderão examinar pacientes pessoalmente. 

Temas de destaque no Workshop Afro Hair 
  • Enxerto de cabelo afro: de acordo com os especialistas, uma das etapas desafiadoras para o transplante de cabelo afro é a colheita do folículo para a posterior implantação.  
  • Alopecia em mulheres afrodescendentes: as principais razões por trás da perda de cabelo em mulheres afrodescendentes incluem a alopecia por tração, originada por penteados como tranças, que exercem tensão nos fios a partir da raiz. Além disso, também estará em discussão a alopecia cicatricial centrífuga central (CCCA), que é influenciada pela genética e agravada por práticas capilares agressivas, como químicas, texturizações e uso excessivo de ferramentas térmicas.
  • Cicatrizes e queloides: é importante entender que indivíduos negros estão mais propensos a desenvolver queloides devido a diferenças genéticas na forma como o colágeno é produzido e organizado na pele. Segundo o coordenador científico, Dr. Sanusi Umar, quando lidamos com pacientes afro, a identificação precoce é um ponto que merece atenção, a fim de avaliar a viabilidade da cirurgia.
  • Tecnologias: pacientes afro geralmente apresentam pele mais espessa, demandando abordagens personalizadas. Será explorado o uso de dispositivos responsivos à pele, especialmente projetados para atender às necessidades únicas dos pacientes afro, visando a eficiência sem demandar esforços excessivos. Esse aspecto busca facilitar o tratamento, garantindo resultados ótimos e naturais.
“Além desses, diversos outros tópicos criteriosamente selecionados e embasados em pesquisas serão apresentados durante o evento, trazendo contribuições valiosas de profissionais renomados internacionalmente. A ABCRC está comprometida em proporcionar um evento enriquecedor, impulsionando o conhecimento e fomentando avanços contínuos na área”, destaca o presidente da associação, Dr. Henrique Radwanski. Saiba mais no site www.abcrc.com.br.

*Publicado por João Galdea. Fotos: Divulgação/ABCRC.

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