Cartão de visita

Filipinha

Deixe me apresentar a vocês. Sou Maria Filipa de A L; meus amigos muitos chegados (uns pouquíssimos) costumam me chamar de Filipinha. Conheci o Rafael em Londres, na casa dos O’Donnell, em Mayfair. O encontro foi rápido e cordial. Ele se fazia acompanhar de um casal distinto e muito traquejado e de uma amiga elegante, um tipo mignon bem brasileiro. Sou meio brasileira – um pouco pernambucana e um pouco sergipana. Meu falecido marido (foi sua morte que me trouxe à Bahia) era meio baiano e meio inglês. Foi diplomata de sua Majestade por muitos anos. Veio a morrer, em suas funções, em Viena onde era embaixador. Enfim, tivemos uma vida ótima; fomos casados por 21 anos. Tínhamos uma casa em Bonaire e outra em Positano. Rapidamente me desfiz de tudo e imigrei para o Brasil. Mantenho o apartamento de Londres; mas comprei um outro em Salvador – na tal Vitória, com vista para a imensa baía deslumbrante.

Solitária, aceitei o convite de Rafael para escrever sobre costumes no Alo, Alo Bahia. Eventualmente sobre os hábitos e humores tropicais e me dispus a enfrentar as rondas sociais locais. Reencontrei o Rafael, em Trancoso, por ocasião das festas de fim de ano. O réveillon, como vocês costumam dizer. Francesismo engraçado, este. Muito divertido. Muitos helicópteros. Muitos jatinhos. E também muita lama, poeira e muita bebedeira. Parecia uma temporada que passei na Índia, em Rajpur. Conheci centenas de paulistas ricos e alguns riquíssimos; dezenas de mineiros ricos e, a bem da verdade, uns poucos baianos. Um ou outro francês muito fino. Gente bonita à beça. Os baianos, como cabe, serão um capítulo à parte.

Festas muito animadas com tecnomusique e smartdrugs à farta. Passei ao largo das smarts; e das Veuve Cliquot, já que ninguém mais pode confiar em suas uvas. Mas fiquei muito bem com as Ruinart, as Taittinger e as Krug. De quando em vez uma Cristal LR. Notei que quase ninguém mais come. Todos querem emagrecer horrivelmente (rsrsrs). Mas os restaurantes estão muito cheios; donde ocorre perguntar: pra onde vai a comida? Enfim ...

Sinto-me apresentada. Creio que travaremos boas relações. Vocês logo conhecerão meu lado bom e um lado nem tão bom. A vida em sociedade é muito puxada, como diz o Rafael. Vamos estica-la ao máximo, então. Ai vamos nós, Bahia!

Foto: Reprodução. 

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