Fomos conhecer o Menu Degustação do Restaurante Manga; se ligue!

José Mion é jornalista, assessor de imprensa, apaixonado por Gastronomia e escreve para o Alô Alô Bahia.

Longe de mim romantizar gratuitamente a gastronomia - e muito menos a insistência em determinar uma 'alta gastronomia' (o que seria uma baixa gastronomia?). Pra começar, quando falamos em comida fora de uma esfera de necessidade prática, seja onde for servida, ela é um gatilho de prazer e deleite. Quem sai de casa para comer busca uma experiência positiva. Ah, e entenda o termo experiência da forma mais simples possível, afinal comer não deveria ser um exercício intelectual, mas sensorial. E o restaurante Manga entrega e muito bem neste sentido.

Eu já conhecia o espaço, onde provei, há alguns anos - quase um crime ficar tanto tempo sem voltar! - o serviço à la carte do casal Dante e Kafe Bassi. Com um paladar infantil em evolução, tive excelentes surpresas já nessa visita, mas não me sentia "preparado" ainda para conhecer a principal atração da casa, o Menu Degustação, que, como eles mesmos definem, é o melhor jeito de compreender a visão dos chefs. 

Usando produtos locais e frescos, eles apostam em técnicas aprimoradas para apresentar um espetáculo de sabores e texturas. Da recepção ao serviço final, a simpatia e delicadeza de cada colaborador - sem contar as vindas à mesa da chef Kafe, a alemã mais baiana que vocês vão conhecer - tornam a experiência zero pretensiosa, como se poderia esperar.
 
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Acompanhado de uma amiga, optamos pelo Menu Degustação harmonizado, a experiência completa, digamos assim (valores no final do texto). Escolha mais do que acertada! A harmonização, assinada pela sommelier Patrícia Penha, é certeira e proporciona o que se espera dessa proposta: a evolução da comida e da bebida na boca quando combinadas. Vale demais!

Começamos com o Consomé da Galinha Caipira com Bouquet Garni da horta mantida na casa. Esta delícia - um caldo que, apesar de ralinho, carrega litros de sabor -, eu já tinha provado quando da minha primeira visita e o gosto nunca tinha deixado minha memória. Foi bom revivê-lo.

Seguimos para o Pão de Fermentação Natural com Manteiga Noisette, que eu adoraria comer todos os dias em casa. Tudo produzido por eles mesmos e o frescor de cada ingrediente deixa isso óbvio. 

Fomos, em seguida, para o prato talvez mais desafiador pra mim, o Cogumelo Cru, com Tartar de Olho de Boi, Ouriço e Lovage. A textura do cogumelo cru me incomoda um pouco, é algo pessoal que talvez não seja superável, mas o sabor do mar e o "molhado" do tartar quebram um pouco. Ah, a apresentação é única (foto acima)!

A noite estava só começando e nos trouxeram o Oreo, um crocante de cebola caramelizada recheada com bijupirá defumado, creme de dil e cebola crua. Daqueles sabores que ficam por minutos na boca e que só melhoram com um gole do vinho.
 
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O Dumpling de Camarão, Cogumelos, Banana da Terra e Tucupi é daqueles pratos de comer com os olhos também (acima), antes de eu lamber os dedos com o Kafta de Cordeiro Dorper, Queijo de Cabra, Confit de Tangerina e Pó de Azeitona.
 
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O próximo foi o meu favorito da noite, o Vermelho Assado, Couve-flor Tostada, Romesco de Castanha de Caju e Molho de Mexilhão com Manteiga Noisette. À parte o peixe, que desmanchava, esse molho (ah, esse molho!), uma espuma de mexilhão que nossa memória nunca deveria apagar, é um grande destaque.

Já satisfeitos, mas ainda curiosos, nos foi trazido o último prato, o Peito de Pato, Pupunha, Milho, Ora Pro Nobis e Molho de Sangue e Vinho Tinto. É claro que, ao ouvir "molho de sangue", meu eu-criança, que ama macarrão com salsicha, tremeu nas bases. Mas, eu estava ali pra quebrar esses pequenos preconceitos e não me arrependi.

Finalmente, chegamos a um momento entre os mais esperados, as sobremesas de Kafe, que eu jamais poderia descrever honestamente aqui. A maestria com que ela combina ingredientes - que para uma alemã poderiam ser difíceis de juntar - prova seu talento e ousadia. É perceptível que nada ali é adicionado à toa, tem prova, tem pesquisa, tem amor e tem nosso sorriso ao final.
 
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Ela nos trouxe o Picolé de Camomila, Tangerina, Mel e Samburá (foto acima) e um Sorbet de Jambo indescritível com Castanha do Pará. A longa, mas zero enfadonha, refeição é finalizada com uma bandeja de Petit-fours, um mini sorbet de pitanga, um macarron de cumaru e uma bala de cachaça que resume toda a noite: uma explosão!

Serviço:
Manga Restaurante
R. Professora Almerinda Dultra, 40 - Rio Vermelho
Menu Degustação: R$ 295/R$ 510 (sem e com harmonização)
https://www.mangamar.com.br/


Ah, está em Salvador para o Carnaval? Aproveite a oportunidade: nos dias 16, 17, 21 e 22 de fevereiro, a casa funcionará das 19h às 22h30. As reservas podem ser feitas pelo fixo (71) 3506-2744 ou WhatsApp: (71) 99143-1310 / 99144-2068.

Fotos: Leonardo Freire. Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.

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