Esmeralda Bahia: a pedra de quase R$ 6 bilhões que é disputada entre Brasil e EUA

Esmeralda Bahia: a pedra de quase R$ 6 bilhões que é disputada entre Brasil e EUA

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Antonio Dilson Neto

Divulgação/AGU

Publicado em 29/10/2024 às 09:01 / Leia em 4 minutos

A fascinante história da Esmeralda Bahia, uma das maiores pedras preciosas do mundo, mistura fatos e lendas que intrigam e despertam cobiça global.

Desde a descoberta na Serra da Carnaíba, na Bahia, em 2001, a esmeralda gigante – com quase 400 quilos – foi envolvida por mistérios e disputas, movendo-se entre mitos e realidade.

O mineral, que é considerado o maior do mundo, já foi avaliado em mais de US$ 1 bilhão, aproximadamente R$ 6 bilhões, e foi enviado ilegalmente para a Califórnia 17 anos atrás.

Histórias sobre o percurso da pedra nos EUA vão desde ataques de onças à sua travessia pela selva até sua perda nas águas durante o Furacão Katrina, que, embora pareça inverossímil, é uma das poucas lendas com fundo de verdade.

Desde que foi extraída da mina, a Esmeralda Bahia passou a protagonizar uma saga jurídica e diplomática. Atualmente, uma disputa no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Columbia coloca o Brasil contra um grupo de investidores americanos, que reivindicam a posse da pedra.

A nação brasileira afirma que a rocha foi ilegalmente minerada e contrabandeada, defendendo seu retorno ao país como tesouro nacional. “Não somos movidos por interesses financeiros”, diz Boni de Moraes Soares, promotor federal, frisando o desejo de preservar o patrimônio cultural e natural do Brasil.

Tudo por uma esmeralda

Foto: Reprodução

A Serra da Carnaíba é conhecida por abrigar um dos maiores depósitos de esmeraldas do mundo, especialmente pedras de tamanho imponente e brilho único. A própria Esmeralda Bahia, com seus cristais de verde profundo, reflete a singularidade da região. Uma vez na posse de Alderacy de Carvalho, o “General”, a pedra foi adquirida por apenas US$ 1.700 (R$ 9,69 mil) antes de ser revendida para intermediários, que a levaram para São Paulo e depois aos Estados Unidos.

A saga da esmeralda teve início em 2001, quando um lavrador desconhecido extraiu a pedra bruta da Mina da Carnaíba, em Pindobaçu (BA), sem autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Em seguida, a vendeu para uma dupla de brasileiros, sócios em negócios envolvendo pedras preciosas.

Foi só o início de uma jornada repleta de irregularidades e disputa por poder. O envio ilegal ocorreu em 2005, por meio do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), com destino à Califórnia. Segundo a Polícia de Imigração e Alfândega dos EUA e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, o receptor foi um geólogo, “pessoa de confiança dos brasileiros para negociação da pedra em solo americano”.

Lá, a Esmeralda Bahia atraiu a atenção de investidores e colecionadores de todo tipo. Entre eles, Jerry Ferrara, um empresário de imóveis e gemas da Flórida, e Kit Morrison, um homem de negócios de Idaho, investiram milhares de dólares com a esperança de lucrar com a venda da pedra. Em um cenário de reviravoltas, eles enfrentaram a polícia, especuladores e uma infinidade de processos, mas nunca chegaram a ver o valor da pedra se concretizar.

Foto: Reprodução/AP Photo

De volta

O Brasil, ciente de que suas riquezas naturais e culturais estão em jogo, interveio, acionando tratados internacionais para recuperar a Esmeralda Bahia e acusando os intermediários de contrabando e falsificação de documentos. “Não somos uma colônia”, declarou a juíza brasileira Valdirene Ribeiro de Souza Falcão, enfatizando a importância de proteger o patrimônio nacional.

Após anos de disputas, o tribunal americano deve finalmente anunciar um veredito. Embora a decisão final ainda seja incerta, Morrison já se mostra resignado e considera que, se a esmeralda é realmente um tesouro nacional, seu destino é o Brasil.

O juiz dos EUA Reggie B. Walton anunciou que em breve emitiria sua decisão. A gema está prestes a deixar a custódia do Departamento de Polícia de Los Angeles. Mas Morrison, que estabeleceu suas credenciais de propriedade no Tribunal da Califórnia, não acha que será devolvida a ele.

Contudo, Ferrara ainda nutre esperança de reivindicar a posse. “Lutei por 16 anos. Não é à toa que dediquei tanto tempo”, afirma.

O governo brasileiro alega que a gigante esmeralda é um tesouro nacional e, por isso, precisa voltar para o país. A expectativa é a de que a pedra preciosa, considerada uma espécie rara e única, seja exposta em um museu ou utilizada para fins científicos.

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