A Igreja do Santíssimo Sacramento da Rua do Passo – ou Igreja do Passo, como é mais conhecida – está ganhando a requalificação da sua fachada. Uma rede de andaimes de 11 pavimentos facilita o acesso dos operários para pintar a fachada da edificação, incluindo as torres ainda mais altas que a parte central do edifício. A Igreja está localizada no Centro Histórico de Salvador (CHS) e devido à sua importância é tombada individualmente desde 1938 como Patrimônio do Brasil pelo Iphan/MinC.
Os trabalhos são executados pela Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Conder), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado (Sedur). Além da Igreja, a Conder também já começou a pintar 56 imóveis da Rua do Passo. A intenção é auxiliar na conservação do CHS, já que a região é tombada pelo Iphan como Patrimônio Nacional (1984) e chancelada como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (1985). A conservação dos imóveis no CHS é atribuição primeira e legal de cada proprietário, depois da prefeitura municipal, que administra o uso do solo urbano da capital e, por fim, da fiscalização do Iphan que protege a área.
“A Conder atua no Pelourinho e seu entorno com o projeto Pelas Ruas do Centro Histórico, realizando intervenções para melhoria de suas calçadas, iluminação, fachadas dos casarões e preservação desse rico e importante patrimônio do nosso estado. Ao todo, já foram requalificadas mais de 200 vias em 11 bairros, a exemplo da rua Direita do Santo Antônio, onde foi realizado o rebaixamento da fiação aérea, valorizando o patrimônio histórico. Esse trabalho, que segue em andamento, já totalizou R$ 124 milhões em sete anos do projeto”, explica Zé Trindade, presidente da Conder.
Rua do Passo, no Centro Histórico | Foto: Geraldo Moniz
Em 2018, a igreja foi restaurada pelo Iphan com investimento de R$ 11,3 milhões do PAC das Cidades Históricas do governo federal. “A igreja data de 1736, mas a sua Freguesia do Santíssimo Sacramento é instituída desde 1718”, explica o coordenador do Escritório da Conder no CHS, o arquiteto Zulu Araújo. Segundo ele, a planta do templo é típica das igrejas baianas do século XVIII. “Construída em alvenaria de pedra e tijolos, ela possui subsolo (ossuário), térreo (capela-mor e sacristia) e pavimento superior (tribunas e coro), com fachada barroca e interior neoclássico”, completa o coordenador da Conder.
A Rua do Passo tem importância cultural especial já que além de estar na poligonal de tombamento, estão nela moradores e várias instituições artísticas, como a Casa de Castro Alves, da estilista Márcia Ganem, residências artísticas do renomado artista Vik Muniz e a Casa das Sete Mortes, tombada individualmente como Patrimônio Nacional e pertencente à Casa Pia de São Joaquim, além do Largo Jubiabá, dentre outros pontos.
Pagador de promessa
Zulu Araújo destaca ainda outros eventos que ocorrem na Rua do Passo. “Em frente à Igreja, entre a Ladeira do Carmo e a Rua do Passo, existe a famosa escadaria de 55 degraus que serviu de cenário para o filme ‘O pagador de promessas’, ‘Palma de Ouro 1962’ do Festival de Cannes, na França, além de projetos musicais como o do cantor e compositor Gerônimo”, conclui o coordenador da Conder.
A Conder também recuperou fachadas de imóveis no Largo do Pelourinho, na Rua Direita do Santo Antônio, nas Ruas Gregório de Mattos, Alfredo de Britto e Laranjeiras, onde reformou ainda sanitários públicos, além de pintar as fachadas das igrejas de Santo Antônio e da Ordem 3ª do Carmo. Na encosta do bairro do Santo Antônio, a Conder fez replantio e paisagismo verde.
