Sede do Ilê Aiyê, bloco afro mais antigo do Brasil, a Senzala do Barro Preto passará por requalificação. De acordo com informações divulgadas pela Prefeitura de Salvador nesta sexta-feira (21), serão investidos R$ 5 milhões para a melhoria do espaço localizado no Curuzu. As obras terão início ainda no primeiro semestre deste ano e devem ser concluídas em meados do segundo semestre. A iniciativa envolverá amplas melhorias estruturais, com implantação de climatização, acessibilidade e tratamento acústico, beneficiando inclusive a Escola Mãe Hilda, que funciona no espaço.
Segundo o prefeito Bruno Reis, o objetivo é fortalecer as atividades sociais na Senzala, além de estabelecer um centro profissionalizante para a população local. “Vamos construir praticamente uma nova sede. Mais importante que a obra são os serviços que juntos vamos oferecer às pessoas aqui, no Curuzu, na Liberdade, e em toda a cidade (…) A ideia é que o Curuzu possa ter, aqui na Senzala, mais um espaço Boca de Brasa, para estimular os coletivos de arte, de música, de dança, de teatro e cultura“, disse o prefeito.
Na ocasião, o gestor municipal ressaltou ainda a importância do projeto. “É fundamental fortalecer a história do Ilê, que completou 50 anos de história. Valorizar a sua tradição, potencializar ainda mais a cultura afro em nossa cidade. Tudo isso é política afirmativa”, afirmou Reis.
Fundador e presidente do bloco, Vovô do Ilê falou sobre o quanto as obras irão valorizar o patrimônio cultural que a Senzala do Barro Preto representa. “Tivemos muitas propostas para o Ilê, quando começou a crescer, a sair daqui do Curuzu e ir para outro bairro, mas eu resisti. Somos o maior centro cultural, não só da Bahia. A maioria dos profissionais formados, entre cantores, dançarinos e percussionistas, chegou aqui com seis, sete anos. Muitos deles estão morando fora do Brasil, dando continuidade a esse trabalho que chamo de Revolução dos Tambores”, disse Vovô.
Projeto – Com 5,4 mil metros de área construída, a sede do Ilê Aiyê possui oito andares e abriga laboratórios de informática, salas de aula, salas de pintura, cozinha industrial e diversos outros espaços que serão modernizados.
“A sede está precisando de uma recuperação em toda estrutura. principalmente em relação à climatização do salão principal, que hoje é muito quente. O lugar recebe cerca de 3 mil pessoas que participam de grandes eventos, sendo que a maioria deles acontece no Verão”, explicou a presidente da Fundação Mário Leal Ferreira, Tânia Scofield.
Segundo ela, na prática, a climatização ocorrerá no salão principal e também em toda a sede do Ilê. Além disso, o projeto contempla promover mais acessibilidade com implantação de rampas de acessos, recuperação do sistema elétrico, instalação de sistema de incêndio, ampliação do sanitário feminino e construção de sanitário PCD.
“Além da recuperação da área do salão de dança e salas de curso, as obras ocorrerão na fachada, no portão de ferro que tem um desenho artístico e está comprometido em vários pontos, assim como pintura geral. Ou seja, a gente vai requalificar totalmente a sede do Ilê e torná-la, na verdade, um espaço adequado como esse grande bloco afro merece”, complementou Tânia.