Nicole Daedone dirigia a OneTaste, considerada um ‘culto do orgasmo’ — Foto: Reprodução/Instagram
Uma ex-funcionária do “culto sexual” OneTaste descreveu em detalhes em tribunal de Nova York (EUA), na quarta-feira (7/5), os cursos “práticos” oferecidos pela startup de bem-estar — incluindo um “treinamento” que ela tivesse orgasmos “com qualquer pessoa na rua”. As informações são de Fernando Moreira para o Jornal EXTRA.
Becky, que alega ser vítima do chamado “culto do orgasmo”, cujo nome completo não foi divulgado, foi a primeira testemunha de acusação no julgamento contra a fundadora do OneTaste, Nicole Daedone, de 58 anos, e a sua ex-chefe de vendas, Rachel Cherwitz.
Como funcionária – ganhando US$ 2.000 por mês -, esperava-se que a mulher, então com 23 anos, praticasse meditação orgástica (OM) com outros membros do OneTaste e com clientes em potencial, revelou ela.
“A expectativa era que eu estivesse aberta a praticar OM com qualquer pessoa na rua”, disse Becky, agora grávida e com quase 40 anos, ao tribunal. “Eu tinha que estar excitada o tempo todo. Era realmente mal visto dizer que você não estava com vontade”, completou a testemunha.
Becky disse que entrou na OneTaste em 2011 e conseguiu um emprego na área de vendas da empresa no ano seguinte — para ajudá-la a pagar as caras aulas que tinha que fazer como membro, que lhe custavam entre US$ 15 mil (R$ 85 mil) e US$ 20 mil (R$ 115 mil) por ano.
“Eu era o alvo perfeito”, disse ela ao júri. “A palavra ‘alvo’ era usada com frequência para pessoas fáceis de convencer. Vem da linguagem dos vigaristas. “Eu era jovem, idealista e disposta a sexualidade fosse discutida abertamente. Eu estava muito, muito sozinha e queria muito ter uma comunidade. Eu estava sexualmente confusa o suficiente para que isso se encaixasse em todos os aspectos para mim.”
Na terça-feira (6/5), nas considerações iniciais, a advogada de Nicole se voltou para as vítimas, afirmando que elas “se divertiram muito”.
“Na época, eles estavam se divertindo muito. Pessoas adultas tomavam decisões adultas que não queriam aceitar”, afirmou Jennifer Bonjean. “Agora eles são casados, têm filhos e não querem que seus vizinhos saibam o que faziam aos 20 anos”, acrescentou a defensora, de acordo com o “NY Post”.
O julgamento acontece quase dois anos depois de Nicole e Rachel serem acusadas de aliciar membros para fazer sexo com investidores e clientes num esquema flagrante que durou 14 anos até ser encerrado em 2018.
“Eles trabalhavam porque lhes ensinaram que o caminho para a iluminação era obedecer às exigências dos réus”, disse o procurador-assistente dos EUA, Sean Fern, ao tribunal.