Assim como Viviane, em “Três Graças”, Gabriela Loran gosta de deixar claro que não tem nada a esconder. O que não significa que ela precise expor tudo o que fez — ou fará — com o próprio corpo, mesmo sabendo que suas vivências ajudam outras mulheres trans com menos visibilidade.
“Eu tenho um lugar diferenciado. Acho que uma das minhas missões, até pela carreira que escolhi, é ensinar as pessoas e transformá-las. Claro que tudo depende da abordagem. Existem também certas curiosidades que não vão mudar a vida de ninguém. Por que importa saber o nome que eu tinha? Vivem me perguntando também como faço xixi. Uma coisa tão íntima vai mudar o quê na vida de alguém?”, questiona.
Foi mais ou menos isso que passou pela cabeça da atriz no ano passado, quando, aos 32 anos, ela decidiu ir para a Tailândia realizar a cirurgia de redesignação sexual. Um ato público de transfobia, porém, a fez mudar de ideia quanto ao silêncio e tornar a experiência pública.
“Eu estava registrando tudo, mas não sabia se falaria ou não. Já na Tailândia para a operação, o Vaticano soltou uma nota dizendo que esse tipo de procedimento era um ato violento à dignidade humana. Na hora, decidi postar. Porque, se eles estavam desinformando, eu iria informar. Por isso, compartilhei minha vivência, falei quanto gastei, me mostrei fazendo xixi, porque sabia que ia incomodar, mas sabia também que serviria como conscientização”, disse Gabriela ao jornal Extra.
Nos vídeos, a artista conta que passou oito anos amadurecendo a decisão e juntando dinheiro. Foram cerca de R$ 100 mil apenas com a cirurgia e os 25 dias de hospedagem no exterior.
“Eu quis saborear cada etapa da minha transição. Nunca fui da tese de que nasci no corpo errado. Comecei valorizando o que achava bonito em mim: minha boca, meus olhos… Sempre fui fascinada pelo meu corpo. E fui respeitando esse tempo de transformação“, afirma.