Em parceria com a França, Salvador receberá obras do Louvre e inéditas de Pierre Verger; veja detalhes

Em parceria com a França, Salvador receberá obras do Louvre e inéditas de Pierre Verger; veja detalhes

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Gabriel Moura

Divulgação

Publicado em 01/07/2025 às 13:49 / Leia em 5 minutos

Com direito a presença de obras do acervo do Museu do Louvre, em Paris, Salvador receberá a exposição do artista beninense Roméo Mivekannin, no Museu de Arte Moderna da Bahia. A mostra abrirá em 28 de agosto e ficará exposta até novembro.

O artista apresenta uma leitura crítica e poética da história da arte ocidental a partir de obras consagradas como A Barca de Dante de Delacroix. Conhecido por seu trabalho que cruza memória, ancestralidade e questões identitárias, Mivekannin constrói uma “Grande Galeria” afro-atlântica ao inserir autorretratos em telas que evocam naufrágios, figuras régias e o apagamento de corpos negros na história da arte.

Suas obras misturam técnicas tradicionais a materiais ligados ao vodu e tecidos do cotidiano, resultado de uma prática artística que também reflete sua linhagem: o artista é descendente do último rei do Daomé, Béhanzin.

Roméo Mivekannin - Overview | Cécile Fakhoury

Foto: Divulgação

O evento faz parte da Temporada França-Brasil, que começa em agosto e se estende até dezembro, celebrando os 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países, e tem como proposta promover diálogos sobre justiça social, sustentabilidade, cultura afrodescendente e cooperação internacional, com a presença de representantes também do continente africano.

Na capital baiana, o ponto alto será o Festival Nosso Futuro – França-Brasil, Diálogos com a África, que acontece de 5 a 8 de novembro. O evento, que será aberto pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Emmanuel Macron, reunirá jovens e lideranças da África, Europa e América Latina em debates sobre justiça social, inclusão, igualdade de gênero, culturas afrodescendentes e cidades sustentáveis.

Liberdade, igualdade, fraternidade e baianidade
Além da mostra de Mivekannin, o circuito de artes visuais e digitais terá outras importantes exposições. No Museu de Arte Contemporânea da Bahia, a mostra Pedra e Mar Entrelaçadas – Um Arquipélago de Presenças em Movimento propõe reflexões sobre migração, pertencimento e deslocamentos a partir de vídeos selecionados de acervos franceses.

A água, o mar e a terra funcionam como metáforas para a fluidez e a resistência de identidades em trânsito, em uma curadoria que rejeita percursos lineares e aposta em narrativas fragmentadas. A exposição é fruto de uma parceria com os fundos regionais de arte contemporânea da França e, após Salvador, segue para o Rio de Janeiro e Curitiba.

Outro destaque é a exposição Horizontes Fundidos: Pierre Fatumbi Verger e as Pontes Culturais, no Museu de Arte da Bahia. A mostra apresenta cerca de 110 imagens inéditas do fotógrafo francês naturalizado baiano, resultado de uma investigação recente conduzida pela Fundação Pierre Verger e pelo IFAN (Instituto Fundamental da África Negra), no Senegal.

As fotografias revelam aspectos pouco conhecidos da transição de Verger de observador a iniciado nos cultos de matriz africana, quando se tornou Babalaô e passou a ser conhecido como Fatumbi. A mostra inclui ainda obras do artista franco-beninense Emo de Medeiros, documentos históricos e instalações.

Pierre Verger | Mapeamento Cultural UFBA

A memória coletiva e a perspectiva decolonial também estarão no centro da exposição Memória: Relatos de Uma Outra História, que ocupará o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB). Com data a ser confirmada, a mostra reunirá artistas mulheres africanas e afrodescendentes que, a partir de narrativas pessoais, contestam a história oficial e constroem outras possibilidades de relato.

A proposta é fruto de colaborações com instituições e coletivos de Senegal, França, Costa do Marfim, Camarões e Brasil, com ênfase na valorização de práticas artísticas femininas, na justiça memorial e na construção de redes transnacionais.

A programação da temporada também inclui eventos em outros campos da cultura. Um deles é o Trace Fest Salvador, marcado para 7 de novembro, com shows gratuitos no centro da cidade. O festival de música afro-urbana reunirá artistas do Brasil, França, África e Caribe e pretende reafirmar Salvador como referência global da cultura afro-brasileira.

A proposta é fortalecer a visibilidade de artistas negros, urbanos e periféricos em uma curadoria voltada para a diversidade, a inovação e o intercâmbio cultural.

A gastronomia também ganha espaço com o projeto As Grandes Mesas: Encontro Gastronômico França-Brasil-África, previsto para novembro, com datas ainda a confirmar. A iniciativa promoverá residências, jantares colaborativos e demonstrações públicas com chefs dos três continentes, valorizando práticas sustentáveis e tradições culinárias de origem africana. Além de destacar a cozinha como ferramenta de diálogo intercultural, o projeto busca reposicionar heranças africanas como fontes contemporâneas de criatividade e transformação.

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