O antropólogo e curador Hélio Menezes foi demitido do cargo de diretor artístico do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, em São Paulo, na última quarta-feira (25), após um ano e cinco meses na função.
Em carta aberta publicada nas redes sociais (leia na íntegra abaixo), o baiano criticou a gestão da instituição, uma das mais importantes do país dedicadas à cultura negra, por práticas que classificou como marcadas pela informalidade, pessoalismo e pouca transparência. Ele também afirmou ter sido desligado enquanto se recuperava de um grave problema de saúde, o que levou à interrupção de compromissos assumidos pelo museu para os anos de 2025 e 2026.
A crise se aprofundou com a renúncia dos conselheiros Wellinton Souza e Rosana Paulino, que, segundo Menezes, estavam entre os poucos nomes negros que defendiam uma gestão mais representativa dentro da instituição. “Lutavam para que o Museu Afro Brasil, seja um dia, também afro em suas estruturas de poder e de gestão”, escreveu.
Na carta, Menezes também criticou o perfil da atual chefia, que, segundo ele, carece de diversidade, de envolvimento com o universo das artes visuais e de alinhamento com o protagonismo negro. Apesar das críticas, ele destacou realizações de sua gestão, como a organização de cerca de dez exposições temporárias e a realização do primeiro inventário da instituição, entre outras iniciativas. Ele também mencionou fragilidades estruturais enfrentadas pelo museu em diversas áreas.
Em contato com o Alô Alô Bahia, o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, gerido pela Associação Museu Afro Brasil (AMAB), informou que a decisão de encerrar a relação institucional com o então Diretor Artístico foi aprovada com base em critérios técnicos, após deliberação formal dos órgãos competentes da entidade, o Conselho de Administração e a Assembleia Geral, em estrita observância aos ritos legais e estatutários aplicáveis.
Em comunicado, a associação reforçou que a medida foi motivada pela ausência de consenso quanto aos termos da atuação do diretor, não tendo sido possível “alcançar um acordo que equilibrasse as expectativas do então diretor com os limites orçamentários que regem a atuação da AMAB”.
Ainda de acordo com o museu, foi oferecida ao ex-diretor a possibilidade de seguir como Curador Contratado, “proposta para a qual, até o momento, não houve retorno”.
Em nota enviada à redação, a associação também lamentou “os ataques pessoais direcionados à Presidência do Conselho de Administração”, reforçando que “a pluralidade de trajetórias profissionais, inclusive de lideranças executivas negras em espaços de cultura, é um valor que deve ser respeitado e valorizado”.
Leia carta aberta na íntegra:
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