Ao invés de lutar contra a natureza, esta praça flutuante – projetada pelo escritório Höweler+Yoon Architecture em parceria com o Carlo Ratti Associati – foi pensada para se adaptar e mover de acordo com a variação do nível da água. Chamado AquaPraça, o projeto irá figurar entre as instalações presentes na Bienal de Arquitetura de Veneza 2025 em 4 de setembro e, depois, será transportado para a COP30, que acontece em Belém do Pará entre 10 e 21 de novembro deste ano. As informações são da Casa Vogue.
No contexto das mudanças climáticas, o projeto busca a coexistência com a natureza. “Muitas obras são respostas estáticas às dinâmicas climáticas – como chuva, neve e vento. A AquaPraça é diferente, pois não resiste a essas flutuações, mas se adapta a elas. À medida que as marés sobem e descem, a flutuabilidade da balsa também se ajusta. Enquanto muitos edifícios e praças à beira-mar sofrem com inundações, a AquaPraça mantém uma altura constante em relação ao nível da água”, explica o arquiteto Eric Höweler, à frente do escritório Höweler + Yoon Architecture.
Para atingir seu objetivo, a AquaPraça incorporou uma tecnologia, baseada nos princípios da flutuabilidade e do equilíbrio, que permite o armazenamento e liberação da água. Isso funciona por meio de câmaras construídas para serem inundadas – como tanques de lastro de um submarino –, fazendo com que a estrutura “mergulhe” ou “emerja”. “Sensores em várias câmaras monitoram os níveis e controlam bombas para manter esse equilíbrio com precisão”, completa Eric.
Legado para o Brasil
Após debutar na Lagoa de Veneza, durante a 19ª Bienal de Arquitetura, a AquaPraça cruzará o Atlântico e se instalará na Baía do Guajará, em Belém, para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). “A jornada de Veneza a Belém é parte do conceito do projeto e simboliza o grande corpo d’água compartilhado que conecta essas duas cidades costeiras. Ambas estão na linha de frente das mudanças climáticas”, ressalta Eric.
Além de sua presença no evento, a AquaPraça se tornará uma instalação cultural permanente em Belém, que pode ser utilizada tanto para receber futuros eventos quanto como um espaço de lazer para as comunidades locais. A ideia, segundo Eric Höweler, é que ela continue “ativando o debate público sobre questões ambientais ao mesmo tempo em que amplia e valoriza o espaço público da cidade”.
Para se tornar parte da paisagem amazônica, a praça flutuante passará por adaptações, que vão desde a escolha dos materiais e detalhes construtivos até a adição de uma cobertura protetora, que fornecerá sombra, protegerá da chuva e canalizará água. A instalação também incluirá facilidades de acesso por terra, através de um cais e uma passarela.
“A natureza flutuante da AquaPraça responde diretamente aos desafios dos altos níveis de água – algo particularmente crucial na Amazônia, onde a infraestrutura urbana é vulnerável a enchentes e à elevação do nível da água”, reflete Carlo Ratti sobre como o projeto se integra à paisagem e aos desafios ecológicos da região amazônica.
A AquaPraça surgiu graças a uma coalizão internacional única: lançado em parceria com o Ministérios das Relações Exteriores e do Meio Ambiente da Itália, conta também com o apoio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, da Bloomberg Philanthropies, do programa Connect4Climate do Banco Mundial, do CIHEAM Bari e de outras instituições parceiras.