Startup baiana de coleta inteligente se destaca entre as 100 mais promissoras do Brasil

Startup baiana de coleta inteligente se destaca entre as 100 mais promissoras do Brasil

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Antonio Dilson Neto, com informações da revista PEGN

Divulgação / Tayse Argolo Fotografia

Publicado em 10/06/2025 às 19:24 / Leia em 4 minutos

Criada por uma empreendedora baiana, a SOLOS é hoje uma das startups mais respeitadas do país quando o assunto é economia circular e gestão de resíduos.

Fundada em 2018, em Salvador, por Seville Alves, a empresa vem conquistando espaço entre gigantes como Braskem, Heineken, iFood, Nubank e administrações municipais de capitais como Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Fortaleza.

O segmento onde atuamos exige credibilidade. O mais importante não é o melhor preço nem a entrega mais rápida, mas é ser autoridade no assunto. Quem nos contrata busca alguém em quem confiar para se associar”, afirma Alves, de 33 anos. Essa confiança rendeu à SOLOS o reconhecimento como uma das 100 Startups to Watch, referência nacional no setor.

Mas chegar até aqui exigiu driblar desafios estruturais. Um deles, segundo Seville, é a falta de senso de responsabilidade coletiva: “Lixo não é de ninguém. Todo mundo produz, mas ninguém quer saber dele. Somos todos corresponsáveis por gerar e dar destino correto aos resíduos”, diz.

Embora o tema tenha ganhado força nos últimos anos, os dados ainda são desanimadores. O relatório Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2024, da Abrema, revela que apenas 8% dos resíduos sólidos no país são reciclados. “Isso está muito aquém do necessário”, pontua a empreendedora.

A atuação da SOLOS se baseia em três pilares principais. O primeiro é a educação ambiental, com programas de formação em escolas que envolvem oficinas e conteúdos práticos e teóricos para alunos e professores. “Os programas duram cerca de quatro meses, metade do ano letivo”, explica Alves.

O segundo foco é a implantação de sistemas inteligentes de coleta e logística reversa, com soluções que facilitam o descarte e a rastreabilidade de resíduos. Um exemplo é o projeto implementado em Fortaleza, em parceria com o iFood. “Triciclos elétricos retiram resíduos em casas e comércios e levam para ecopontos preparados com base na nossa orientação”, conta.

A terceira frente envolve a gestão de resíduos em grandes eventos, como o Carnaval de Salvador, Recife, São Paulo e Rio. A startup coordena desde a instalação de estruturas e coletores até a contratação e qualificação de trabalhadores. “Montamos toda a infraestrutura, preparamos coletores, contratamos profissionais autônomos, conscientizamos a equipe e distribuímos EPIs”, detalha.

Diversidade

Um dos compromissos centrais da SOLOS é com a valorização dos agentes de coleta. “Se antes essas pessoas iam catar resíduo descalças e sem camisa para ganhar R$ 50 por 12 horas debaixo de sol e chuva, hoje têm vestuário adequado, alimentação garantida, espaço para banho e local para deixar os filhos, se necessário. Ganham cerca de R$ 600 sem serem humilhadas”, afirma a CEO.

O impacto é concreto: já foram gerados R$ 6,6 milhões em renda para cooperativas e catadores, com 1,7 mil toneladas de resíduos encaminhados à reciclagem e 2,5 milhões de pessoas alcançadas por ações de conscientização.

Atualmente, a SOLOS opera em nove estados brasileiros, com uma equipe de aproximadamente 30 pessoas — 90% mulheres, que ocupam todos os cargos de liderança. Também há forte representatividade de pessoas pretas, LGBTQIA+ e oriundas de periferias. “Considero essencial que nosso negócio contemple diversidade porque assim teremos diferentes identidades e interesses no dia a dia”, diz Seville, que também integra esse recorte.

Apesar do crescimento, a startup baiana segue fiel ao modelo bootstrap, sem aportes externos. “Não ganhamos dinheiro, fazemos dinheiro. Nosso trabalho é apoiar grandes companhias para gerar valor para o negócio e para a sociedade”, resume.

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