Uma força-tarefa com mais de 20 mergulhadores retirou cerca de três toneladas do coral invasor Chromonephthea braziliensis das águas da Ilha de Itaparica. A operação pioneira, que aconteceu entre os dias 16 e 20 de maio, mobilizou instituições públicas, ONGs e universidades em um esforço conjunto de conservação marinha. A partir de agora, o trabalho entra em uma nova fase, com o monitoramento das áreas afetadas. A ação foi coordenada pela Secretaria do Meio Ambiente e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, com atuação direta da ONG Pró-Mar. O trabalho contou ainda com o apoio da Marinha do Brasil, da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, do Ibama e de universidades.
Detectado há cerca de um ano por pescadores locais, o coral Chromonephthea braziliensis preocupa especialistas devido à sua rápida proliferação e capacidade de causar danos à biodiversidade nativa. A espécie compete por espaço com corais locais e libera substâncias químicas que dificultam sua predação e podem provocar necrose em outros organismos marinhos.
“A ideia é acompanhar a possível recolonização das áreas onde os organismos foram retirados. Vamos observar se eles retornam, em quanto tempo isso acontece e em que ritmo. Para isso, o apoio da comunidade é fundamental, como eles têm mais acesso ao local, podem ajudar com uma vigilância contínua e nos informar caso percebam esse retorno. Esse acompanhamento é essencial para entendermos os efeitos da intervenção. É um processo longo, mas muito importante e que precisa ser feito”, explica a bióloga e pesquisadora da Universidade Federal da Bahia Tatiane Aguiar.
Segundo Tiago Porto, diretor de Políticas e Planejamento Ambiental da Sema, a operação representa um passo importante na contenção da espécie invasora. “Em apenas cinco dias de trabalho intenso na Baía de Todos-os-Santos, conseguimos remover cerca de 3 mil quilos de uma espécie invasora de coral. Ainda estamos construindo caminhos para garantir a continuidade desses trabalhos, cada espécie invasora, em cada território, exige uma resposta específica. E para isso, a participação da sociedade é essencial, tanto na identificação de novas ocorrências quanto na construção de soluções”, destaca Porto.

Foto: Ludmille Nazaré/Sema
Todo o material recolhido durante os cinco dias de ação foi separado em duas categorias. Uma parte será enviada ao aterro sanitário para descarte adequado. A outra será encaminhada à Oficina Carbono 14, onde passará por um processo de secagem e preparação antes de ser destinada ao Cimatec e à Embrapa. O objetivo é investigar possíveis formas de reaproveitamento do coral removido. “Serão realizadas pesquisas para avaliar se é possível desenvolver um adubo ou fertilizante, além de verificar seu potencial uso em cosméticos, corantes ou tintas”, explica Zé Pescador, da ONG PróMar, que está coordenando a operação de remoção.