Fechado desde 2016, o Palácio Gustavo Capanema, no Centro do Rio de Janeiro, foi reaberto ao público no último dia 20 de maio após uma longa restauração.
Reconhecido como um dos edifícios mais emblemáticos da arquitetura modernista no mundo, o prédio retoma suas atividades como centro cultural e sede de órgãos do Ministério da Cultura, incluindo espaços abertos à visitação.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
A requalificação do Capanema foi conduzida pelo Iphan e financiada com recursos do Novo PAC, totalizando R$ 84,3 milhões. O investimento garantiu a recuperação completa do edifício, com modernização das redes elétrica, hidráulica e sanitária, além da reinstalação dos sistemas de combate a incêndio e segurança.
Os interiores foram restaurados com atenção rigorosa aos detalhes históricos, móveis, pisos, luminárias, persianas e até lixeiras originais foram recuperados ou reconstituídos a partir de registros fotográficos.
Projetado nos anos 1930 por Lúcio Costa, com colaboração de Oscar Niemeyer e outros jovens arquitetos brasileiros, o palácio contou com consultoria de Le Corbusier e paisagismo assinado por Roberto Burle Marx.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

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Inaugurado em 1945, reúne elementos estruturais típicos do modernismo, como pilotis, janelas horizontais, planta livre e terraço-jardim, que o tornaram uma referência internacional. À época, o MoMA chegou a considerá-lo o edifício mais avançado do planeta em construção.
O interior também impressiona pelas obras de arte integradas à arquitetura. Painéis em azulejo de Paulo Osir e murais de Cândido Portinari ocupam paredes inteiras com cenas da infância, do trabalho e da vida cotidiana no Brasil.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

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Entre os novos atrativos, o 16º andar agora abriga um café com vista panorâmica da cidade. De lá, é possível observar marcos como o Cristo Redentor, a Ilha Fiscal e a Ponte Rio-Niterói.
O Capanema também carrega uma história recente de resistência. Em 2016, foi palco do movimento Ocupa MinC, que protestou contra a extinção do Ministério da Cultura no governo Michel Temer. Em 2021, enfrentou novamente ameaças quando foi incluído em uma lista de imóveis públicos colocados à venda pela gestão Bolsonaro, o que gerou forte reação da sociedade civil até a retirada do prédio da proposta.
Durante a cerimônia de reabertura, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, afirmou que a retomada das obras enfrentou obstáculos causados pelo esvaziamento institucional da cultura nos últimos anos.
Para ela, a devolução do Capanema ao país representa não só a restauração física de um patrimônio, mas também a reconstrução de uma política cultural.
Na ocasião, o governo também retomou a entrega da Ordem do Mérito Cultural, que estava suspensa desde 2018. A solenidade aconteceu no próprio palácio, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o anúncio de 100 homenageados.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

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