‘The Last of Us’: conheça o fungo real que inspirou a série da HBO

‘The Last of Us’: conheça o fungo real que inspirou a série da HBO

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Redação, com informações da BBC

Divulgação/HBO

Publicado em 15/04/2025 às 16:19 / Leia em 4 minutos

A segunda temporada de The Last of Us estreou no último domingo (13), reacendendo a curiosidade dos fãs sobre a origem da história da aclamada série da HBO. O enredo, ambientado em um mundo devastado por uma pandemia causada por um fungo que transforma humanos em criaturas agressivas, não é totalmente fictício — ele tem inspiração direta em um fungo real que afeta insetos.

O gênero Cordyceps, retratado em documentários como Planet Earth, da BBC, é capaz de parasitar insetos, especialmente formigas, controlando seus corpos e mentes até provocar a morte do hospedeiro. A imagem de uma formiga sendo guiada até o topo de uma planta, antes de ser consumida de dentro para fora pelo fungo, serviu como base para a criação do universo pós-apocalíptico do jogo homônimo da produtora Naughty Dog, que inspirou a série.

Na natureza, o Cordyceps age de maneira surpreendente: invade o corpo da formiga, manipula seu sistema nervoso e a força a escalar vegetações. Quando atinge um ponto alto, a formiga se prende com a mandíbula e, já sem controle de si, morre. É então que o corpo frutífero do fungo rompe o exoesqueleto do inseto e libera esporos para infectar novas vítimas.

O documentário narrado por David Attenborough mostra que outras formigas do formigueiro reconhecem as infectadas e as expulsam, evitando a disseminação do parasita. Há diversas variações do Cordyceps, cada uma especializada em um tipo de inseto. Apesar do comportamento macabro, o fungo tem uma função ecológica importante, ao controlar populações de insetos e manter o equilíbrio ambiental.

Cordyceps ‘mutante’

Em The Last of Us, os criadores Neil Druckmann e Bruce Straley imaginaram uma mutação desse fungo, que passa a infectar humanos após contaminar alimentos produzidos na América do Sul. O surto, segundo a trama, começou em 2013 e dizimou mais da metade da população mundial em poucos meses.

Na série e nos jogos, o Cordyceps tem quatro estágios de infecção. Inicialmente, o infectado perde o controle do corpo e torna-se agressivo. Com o tempo, perde a visão e o rosto é deformado pela propagação do fungo. Nessa fase, os “clickers” usam sons para se orientar e caçar, tornando-se um dos inimigos mais temidos da história.

Mas e na vida real? Isso poderia acontecer?

Apesar da semelhança com o fungo real, especialistas garantem: não há risco de um cenário como o de The Last of Us acontecer com humanos. Segundo o microbiologista Marcio Rodrigues, da Fiocruz no Paraná, infecções fúngicas no sistema nervoso central existem, mas não causam o tipo de controle mental visto na série.

O médico infectologista Flávio Telles, da Sociedade Brasileira de Infectologia, reforça que fungos como o Cryptococcus podem causar doenças graves, mas geralmente apenas em pessoas com o sistema imunológico comprometido.

Apesar de Cordyceps não representar risco para humanos, cientistas alertam para outro problema real e crescente: a resistência fúngica. A farmacêutica Kelly Ishida, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, explica que muitos fungos estão evoluindo para resistir ao calor e aos medicamentos disponíveis.

Um exemplo é a Candida auris, classificada como “superfungo” por sua capacidade de sobreviver em ambientes hospitalares e resistir a tratamentos convencionais. Além disso, o aumento da temperatura média global pode criar condições ideais para que novos tipos de fungos se tornem patogênicos para humanos.

“A nossa temperatura corporal sempre foi uma barreira contra a maioria dos fungos, mas isso pode estar mudando”, alerta Rodrigues.

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