A separação profissional entre os irmãos Emicida e Fióti, que comandaram juntos por mais de uma década a Laboratório Fantasma, trouxe à tona uma crise antiga e ainda sem desfecho. Cofundador da empresa, Evandro Fióti foi acusado por Emicida de movimentações financeiras indevidas que somam R$ 6 milhões — acusações que ele nega.
A disputa se tornou pública após um comunicado de Emicida, no dia 28 de março, informando que Fióti não representava mais seus interesses artísticos. No mesmo dia, Fióti anunciou uma nova fase profissional e, pouco depois, deu entrevista ao “Fantástico”, revelando que o afastamento entre os dois vem desde 2017.
Fióti afirma que todas as transações feitas ao longo dos 16 anos da empresa seguiram os procedimentos internos e que Emicida tinha conhecimento dos saques em questão.
“Não trabalhei de forma antiética em nenhum momento”, declarou. Ele também relembrou a trajetória conjunta dos irmãos, marcada pela superação da pobreza e pela construção de uma empresa que se tornou referência no mercado musical.
Criada em 2010, a Laboratório Fantasma teve, inicialmente, participação igualitária entre os irmãos. Em 2014, uma alteração contratual deu a Emicida 90% da sociedade, enquanto Fióti ficou com 10%. Apesar disso, os dois seguiram atuando juntos na gestão.
Segundo Fióti, a atual crise reflete a falta de preparo emocional para lidar com o sucesso. “A gente não foi preparado para o que a ascensão econômica traria”, disse. Ele também revelou que a mãe dos dois irmãos acompanha a situação com pesar, sem tomar partido.
Emicida, por sua vez, preferiu não dar entrevista, mas afirmou, em nota, que foi surpreendido com o processo movido pelo irmão durante negociações que, até então, pareciam amigáveis. A Justiça já negou dois pedidos feitos por Fióti, por considerar que não havia fundamentos suficientes.
A relação dos irmãos, marcada por uma trajetória conjunta de luta, agora está abalada. Ainda assim, Fióti diz esperar uma resolução que respeite o legado construído: “Espero que a gente consiga resolver isso com ética, boa-fé e respeito pelo que construímos juntos”.