O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, propôs medidas para acelerar a entrada da carne bovina brasileira no mercado japonês. A demanda, que há décadas mobiliza produtores do Brasil, foi um dos temas centrais da reunião entre Ishiba e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizada durante a visita de Estado do brasileiro a Tóquio.
Ishiba sugeriu a formação de um grupo de acompanhamento do setor e manifestou interesse em enviar especialistas sanitários ao Brasil para coletar informações e avançar nas negociações. Para Lula, a missão técnica japonesa representa um passo fundamental na busca pela abertura definitiva do mercado japonês para a carne brasileira.
Atualmente, o Japão importa 70% da carne bovina que consome, movimentando cerca de US$ 4 bilhões ao ano. Desse total, 80% vêm dos Estados Unidos e da Austrália, países historicamente alinhados comercialmente com os japoneses.
No caso do Brasil, as tratativas para exportação ao Japão se arrastam há mais de 20 anos, com o último protocolo sendo discutido há cinco anos.
A expectativa do setor aumentou em 2024, quando o Brasil conquistou o status de país livre de febre aftosa sem vacinação, condição essencial para acessar mercados exigentes como o japonês e o sul-coreano. No entanto, o reconhecimento oficial dessa certificação sanitária ainda depende da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que deve homologá-la em maio deste ano.
O Brasil iniciou a vacinação de bovinos contra a febre aftosa há mais de 50 anos, e o último registro da doença ocorreu em 2006. Atualmente, apenas alguns estados – Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e Mato Grosso – já possuem reconhecimento internacional como zona livre de febre aftosa sem vacinação.
Com a possível homologação do novo status sanitário, o Brasil se posiciona para expandir suas exportações de carne bovina, setor que já ocupa o quarto lugar na pauta de exportações brasileiras, atrás apenas da soja, do petróleo bruto e do minério de ferro.