Mega secas avançam no mundo; Brasil está entre os mais afetados

Mega secas avançam no mundo; Brasil está entre os mais afetados

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Tiago Mascarenhas

Unsplash

Publicado em 24/03/2025 às 08:18 / Leia em 3 minutos

Um estudo publicado na revista “Science” revelou que as mega secas – períodos de estiagem que duram pelo menos dois anos – estão cada vez mais frequentes e intensas no mundo. Entre 1980 e 2018, foram identificados mais de 13 mil eventos desse tipo, e o Brasil aparece duas vezes entre os dez casos mais severos.

O alerta é reforçado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), que destacou em relatório recente o agravamento das secas no país. Em 2024, quase 60% do território brasileiro foi atingido pela estiagem mais intensa já registrada, impulsionada pelo aquecimento global, desmatamento e fenômenos climáticos como o El Niño.

A região Sul-Ocidental da Amazônia, que engloba parte do Acre, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso, além de áreas da Bolívia e Peru, sofreu uma das secas mais prolongadas do planeta entre 2010 e 2018, sendo classificada como a sétima mais grave do mundo. Rios como o Madeira, Negro e Solimões atingiram níveis historicamente baixos, isolando comunidades ribeirinhas e favorecendo incêndios florestais.

Já entre 2014 e 2017, uma crise hídrica sem precedentes atingiu os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo, colocando a região no nono lugar entre as mega secas mais severas do planeta. O Sistema Cantareira, que abastece milhões de pessoas na Grande São Paulo, chegou a operar no “volume morto” em 2015, e reservatórios em Minas e no Rio enfrentaram colapsos críticos.

Os cientistas apontam que a alta nas temperaturas, a redução das chuvas e a intensificação da evapotranspiração – perda de umidade do solo e das plantas – estão impulsionando o agravamento das secas em todo o mundo. A maior delas ocorreu na bacia do Congo, na África, entre 2010 e 2018, impactando uma área 30 vezes maior que o estado do Rio de Janeiro.

No Brasil, a seca também afeta a geração de energia, a biodiversidade e a segurança alimentar. Relatórios do Cemaden apontam que, desde os anos 1990, os períodos de estiagem se tornaram mais frequentes, atingindo especialmente Amazônia, Pantanal, Cerrado e Caatinga. Especialistas alertam que, sem ações urgentes, o cenário pode se agravar ainda mais nas próximas décadas, especialmente no Centro-Oeste e no semiárido.

“As secas estão mais intensas e frequentes, ocorrendo antes do previsto. O que projetávamos para daqui a 20 anos já está acontecendo agora”, alerta Alexandre Prado, do WWF-Brasil, em entrevista ao g1. Segundo ele, o Brasil precisa avançar em políticas de adaptação e prevenção para enfrentar o novo cenário climático.

Compartilhe

Alô Alô Bahia Newsletter

Inscreva-se grátis para receber as novidades e informações do Alô Alô Bahia