Quando Lore Improta completou 15 anos, ela estava lá. Aos 31, também. Nos aniversários da pequena Liz, filha da dançarina com Léo Santana, sua assinatura é garantida. Os bolos de Ivana Simões são os queridinhos das festas luxuosas que movimentam Salvador. Aos 71 anos, a confeiteira não planeja parar e manda um recado para os concorrentes. “Cada um deve lutar e conquistar seu espaço”, diz.
Já são quatro décadas fazendo o que mais ama: se conectar com as histórias dos clientes e produzir um bolo para cada data especial. Quando a encomenda é para festas e convidados de luxo, a pressão é ainda maior. Nada pode sair fora do combinado, e cada detalhe conta. Ivana Simões, a ‘rainha dos bolos’, está acostumada com a responsabilidade.
Com mais três funcionárias, ela produz cerca de seis bolos por semana, uma média de 260 por ano. A lista de clientes fiéis é extensa e vai de artistas, até empresários e políticos. No aniversário de 15 anos da filha de Bruno Reis, prefeito de Salvador, o bolo de quatro andares foi feito pela confeiteira. Casamentos e batizados integram a lista. Ela diz que a fórmula para o sucesso passa até pelo signo.
“Eu sou virginiana, então já sabe, né? É muito perfeccionismo, não largo mão de acompanhar tudo de perto”, garante. Não é raro que o trabalho adentre a madrugada. A família até ensaia pedir a aposentadoria, mas Ivana Simões ainda não pensa em parar. “Os filhos e o marido pedem, mas eu não quero. Acho que dá para trabalhar mais uns aninhos. Tô de pé, lúcida e tenho boas ideias”, completa.
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A vontade de permanecer firme no trabalho já foi até motivo de fofoca no universo da confeitaria soteropolitana. “Já soube que tem gente que comenta assim: ‘por que Ivana não para de fazer bolo para deixar espaço para a gente?'”, conta, em tom bem humorado. Mas Ivana não se intimida.
“Eu não passo por cima de ninguém, não tomo encomenda de ninguém. Tenho ética e profissionalismo. Acho que cada um deve lutar e conquistar seu espaço, dando o melhor de si, se profissionalizando e se atualizando”, completa.
Quem chega agora
Se de uma lado há quem tenha experiência de uma vida, outros nomes começam a despontar no mundo da confeitaria. Caso de Julia Overbeck, de 26 anos. A jovem, que começou vendendo doces na faculdade de Gastronomia, acumula mais de 23,3 mil seguidores nas redes sociais e muitos bolos decorados.
Eles são de todos os tipos. Clássicos brancos para casamentos, infantis com temas de desenhos animados e com muitas flores nos detalhes. Os estudos foram intensificados durante a temporada no Canadá, onde Julia estudou na Le Cordon Bleu, que oferece um dos cursos mais conceituados na área. A técnica, no entanto, é aprimorada a cada nova encomenda.
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“Sempre tive facilidade de assistir coisas e aprender na tentativa e na falha. Eu faço até ficar bom. Durante a pandemia, comecei a testar e gravar receitas, foi quando tive um crescimento nas redes sociais”, conta. Julia se tornou mais conhecida, e a lista de clientes cresceu.
A cada novo pedido, um orçamento personalizado é feito pela confeiteira. Quanto mais detalhes, maior o tempo de preparo e mais caro o bolo. Uma das encomendas mais especiais da carreira de Julia não foi vendida, mas deu muito trabalho. Durante um mês, ela preparou 900 orquídeas de açúcar feitas a mão para decorar o bolo de casamento da irmã mais velha.
Um bolo como o do casamento da irmã não sai por menos de R$ 3 mil. Além da complexidade dos detalhes, o tamanho também conta. Um bolo de apenas um andar custa, em média, R$1 mil. Quem admira pelas imagens, dificilmente deixa de se perguntar se o doce é comestível.
As confeiteiras explicam que os bolos são cenográficos na maior parte das celebrações. Os preços pagos pelos clientes incluem, além da cenografia, o bolo “de verdade”, que é servido aos convidados. “Em alguns casos, os noivos pedem para que uma parte seja comestível para fazer o primeiro corte”, explica Ivana Simões.