“Ainda Estou Aqui”, filme brasileiro dirigido por Walter Salles, conquistou o Oscar de Melhor Filme Internacional na noite deste domingo (2), trazendo ainda mais alegria para o Carnaval do Brasil. A produção, que já havia recebido aclamação da crítica e do público, além de prêmios como o de Melhor Roteiro no Festival de Veneza, reafirma a força do cinema nacional no cenário mundial, quebrando um tabu.
Estrelado por Fernanda Torres, “Ainda Estou Aqui” narra a história de uma família brasileira que enfrenta desafios em meio à ditadura militar. Apesar do cenário político de fundo, o filme vinha sendo elogiado pela crítica exatamente por contar a história de um rapto e assassinato “não através de cenas horríveis em câmaras de tortura, mas através da maneira profundamente digna como sua esposa, Eunice (Fernanda Torres), responde ao crime”.
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Ao receber o prêmio, Walter Salles dedicou o prêmio a Eunice Paiva, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. “Primeiro, obrigado em nome do cinema brasileiro. É uma honra receber esse prêmio num grupo tão extraordinário de cineastas Dedico esse prêmio a uma mulher que depois de uma perda em um regime autoritário decidiu não se curvar e resistir. Esse premio é dedicado a ela, o nome dela é Eunice Paiva. E eu dedico as duas mulheres extraordinárias que deram vida à ela, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro“, disse.
A vitória de “Ainda Estou Aqui” ganha ainda mais destaque ao considerar a forte concorrência na categoria. Entre os indicados estava “Emilia Pérez”, uma coprodução franco-mexicana dirigida por Jacques Audiard, que liderava as indicações ao Oscar deste ano com 13 nomeações. O filme, que aborda a história de um chefe do narcotráfico mexicano que passa por uma transição de gênero, enfrentou uma série de controvérsias durante sua campanha.
A protagonista Karla Sofía Gascón chegou a ser afastada das ações promocionais após virem à tona mensagens ofensivas antigas nas redes sociais. A decisão, sem dúvida, impactou negativamente a campanha do filme. O crítico Kyle Buchanan, do New York Times, chegou a prever que, com a queda de popularidade de “Emília Pérez”, as chances do Brasil aumentavam. “Era uma vez ‘Emilia Pérez’, que tinha esta categoria totalmente garantida. Mas, com esse filme em suspenso, é ‘Ainda Estou Aqui’ que está ganhando popularidade tardiamente entre os eleitores”, disse o especialista, na última semana.
A vitória de “Ainda Estou Aqui” marca o cinema brasileiro, evidenciando sua força ao abordar temas universais com sensibilidade e ampliando a visibilidade da produção nacional. O reconhecimento internacional destaca a necessidade e importância da manutenção de investimentos contínuos na cultura, enquanto abre portas no mercado internacional e inspira novas gerações a seguirem contando histórias que festejam a cultura do Brasil.