‘Joias de Crioulas’: detalhes exclusivos do desfile do bloco Cortejo Afro em homenagem ao centenário de Mãe Santinha de Oyá

‘Joias de Crioulas’: detalhes exclusivos do desfile do bloco Cortejo Afro em homenagem ao centenário de Mãe Santinha de Oyá

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Maria Marques

Divulgação

Publicado em 27/02/2025 às 10:29 / Leia em 4 minutos

Luxo para todos. Elegância, sofisticação, beleza, autoestima. Sob o tema Joias de Crioula – Centenário de Mãe Santinha de Oyá, antecipado pelo Alô Alô Bahia, o bloco Cortejo Afro vai entregar duas mil joias aos associados, em uma ação pioneira.

Alberto Pitta, artista plástico e idealizador do bloco, se uniu ao Ateliê Dua, da designer Camila Nascimento, para dar vida aos adereços que trarão um brilho de beleza a mais às fantasias.

“As joias não podiam ser usadas, muito menos manuseadas por escravizados, pelos simples fato de se tratarem de um material nobre, como o ouro, a prata e o metal em bronze”, contextualiza Pitta em entrevista ao Alô Alô Bahia. “No entanto, os escravizados que vieram sobretudo do Benin já dominavam a técnica de confeccionar joias e adornos para o reinado do antigo Daomé”, continua.

“Aos poucos, eles foram se apropriando da confecção de joias no Brasil e colocando elementos estéticos africanos nas peças. Então, mulheres negras começaram a usar esses elementos em grande escala, chamando assim a atenção da Corte portuguesa – que obviamente proibiu. Os balangandãs, os colares e as correntes com bolas douradas e pedras de corais eram as que mais se destacavam”.

Detalhes da caixinha de joias que acompanhará a fantasia do Cortejo Afro em 2025 | Foto: Acervo Alô Alô Bahia/Maria Marques

O serigrafista carnavalesco pontua que o uso dos adornos, àquela época, era uma maneira de mulheres baianas libertas demonstrarem a conquista de sua liberdade, ascensão social e econômica, um fundamento bastante valorizado pelo Cortejo Afro. Pitta, inclusive, sugere um outro paradigma de pensamento.

Quem nos apresentou a pobreza foi o colonizador. Eu não posso pensar como o colonizador, até porque eu não sou hospedeiro do colonizador. Daí que o meu trabalho é justamente focado nessa questão estética, a partir dessa herança africana”, declarou ele, em outra ocasião.

E é neste esforço de reconstrução identitária e manutenção da autoestima que surgem as Joias de Crioulas, pelos 100 anos de dona Anísia da Rocha Pitta e Silva, a Mãe Santinha de Oyá. O gesto faz perdurar o legado da ialorixá, do terreiro Ilê Asé Oyá, às margens da Bacia do Cobre, em Pirajá – onde está situado o ateliê do artista, filho de dona Anísia.

O broche-patuá Anísia, feito de latão e banhado a ouro e prata, teve inspiração nela e também poderá ser usado como símbolo de proteção. As peças são exclusivas e numeradas. “Mãe Santinha de Oyá, que vem do Recôncavo Baiano, de Cachoeira, e se estabelece aqui em Salvador, e funda o seu terreiro de Candomblé. Essa é a história que vamos contar no Carnaval de 2025“, diz Pitta.

Os desfiles do Bloco Cortejo Afro, em 2025, estão marcados para acontecer nesta sexta-feira (28), no Circuito Osmar (Campo Grande), e domingo (2) e segunda-feira (3), no Circuito Dodô (Barra–Ondina). As fantasias podem ser adquiridas através do site TicketMaker ou do Balcão Samba Vivo, no Shopping Piedade, com valores a partir de R$ 350.

Imagem exclusiva do trio do Cortejo Afro, em 2025, que homenageará o centenário de Mãe Santinha de Oyá | Foto: Acervo Alô Alô Bahia/Maria Marques

O projeto Alô Alô Folia é uma realização do Alô Alô Bahia e tem apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e do Carnaval da Bahia 2025. Sinta o axé, curta a Bahia. Governo do Estado presente faz o Carnaval.

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