Em primeira mão para o Alô Alô Bahia, o selo Natura Musical confirmou que o mais longevo sambista da Bahia, Riachão, terá um disco póstumo lançado em 14 de novembro. Com 10 composições inéditas, gravadas pelo próprio Riachão e por outros artistas brasileiros – inclusive seu neto, Taian Paim –, o álbum “Onde eu cheguei, está chegado” ficou guardado desde março de 2020, quando o mestre do samba faleceu aos 98 anos. O anúncio da seleção no edital Natura Musical havia ocorrido apenas quatro meses antes.
À época, o trabalho, que se chamaria “Se Deus Quiser Eu Vou Chegar aos 100”, se tornou uma justa homenagem ao compositor de clássicos como “Cada Macaco no Seu Galho” e “Vá Morar com o Diabo”. Agora reformulado e com data de estreia para o dia em que Riachão faria 103 anos, o projeto reúne vozes de alta patente como Roberto Mendes, Juliana Ribeiro e Enio Bernardes.
Figura cativa e perene do centro de Salvador, trombar com Riachão nas esquinas era sempre como ganhar um presente. Tão por isso, também no dia 14, quinta-feira, uma roda de samba na Cantina da Lua, no Pelourinho, vai celebrar o lançamento de “Onde eu cheguei, está chegado” e a memória de Clementino Rodrigues – o nome de batismo. O reduto, comandado pelo amigo e parceiro Clarindo Silva, foi bastante frequentado (e cantado) por Riachão e outros imortais baianos como Batatinha, Edil Pacheco e Walmir Lima.
Junto com o disco, entra no ar um site (www.riachaosambista.com.br) que abrigará um amplo acervo de fotografias, reportagens, discos, fonogramas e documentos audiovisuais que revelam a vida e a obra do Malandro ao longo de mais de seis décadas. Para completar, três mini documentários sobre o processo de realização do peculiar projeto serão disponibilizados no mesmo endereço. Os docs são dirigidos por Claudia Chávez.
Patrimônio da Bahia e do Brasil, de alegria e sorriso sempre estampados, Riachão foi pioneiro e o mais longevo sambista da Bahia. Ainda criança, segundo ele próprio, cantava samba chula e samba de roda como os seus antepassados escravizados cantavam na senzala.
São mais de 500 composições, muitas delas nunca gravadas, de samba autêntico e de tradição oral, algumas interpretadas por artistas como Jackson do Pandeiro, Jamelão, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Dona Ivone Lara, Beth Carvalho, Cássia Eller, Zélia Duncan e tantos outros. Dizia ele: “Não me dá ideia de escrever nada, o samba está dentro da minha cabeça, de acordo com o que acontece ao meu redor”.
Com realização da Giro Planejamento Cultural, o álbum “Onde eu cheguei, está chegado” tem patrocínio de Natura Musical e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda. Riachão foi selecionado pelo edital Natura Musical ao lado de DecoloniSate, Festival da Diversidade: Paulilo Paredão, Festival Frequências Preciosas, Gabi Guedes, Melly e Sued Nunes. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para mais de 80 projetos de música até 2022, em diferentes formatos e estágios de carreira, como Margareth Menezes, Luedji Luna, Mateus Aleluia, Mahal Pita e Casa do Hip Hop da Bahia.