A capital baiana figura, novamente, como um dos grandes destaques no cenário internacional da inovação. A 7ª edição do “NASA Space Apps Challenge”, realizada entre os dias 4 e 7 de outubro, no SENAI CIMATEC, consagrou dois projetos baianos como representantes de Salvador na etapa mundial da competição. O evento, que reúne mentes criativas para desenvolver soluções inovadoras utilizando dados abertos da NASA, contou com cerca de 200 participantes.
O primeiro projeto que representará Salvador na etapa mundial do desafio foi elaborado pela equipe Asttra, composta por Adailton Santos, cientista da computação; Márcio Bispo, engenheiro de software; Guilherme Mota, engenheiro de software; Fernanda Velame, engenheira de software; Monique Hellen, astrofísica; e Bruno Cunha, cibersegurança. O grupo desenvolveu uma plataforma, acessada por meio de um sensor no solo, que auxilia a indústria agrícola. “A gente entendeu que as pessoas estão morrendo, sofrendo, há a perda de bilhões de dólares no mundo, e além disso tudo, tenho uma família que veio do campo, então é uma dor que a gente sente, estar aqui hoje é uma grande transformação pra mim, principalmente em poder ajudar impactando essas pessoas”, explicou Bruno Cunha sobre a motivação do projeto.
Guilherme Mota, também integrante do grupo, acredita que a solução criada ao lado dos colegas enfrenta os dois principais pilares negativos do mundo: a fome e a escassez de recursos hídricos. “Nosso projeto é voltado a resolver o problema da fome, enquanto a gente ajuda toda a indústria agrícola a resolver o problema de má utilização de recursos hídricos”, pontuou. “A partir do momento que a gente prevê e dá soluções melhores para os agricultores poderem plantar, principalmente os agricultores familiares que dependem dessa água, desses recursos, para terem seus alimentos na mesa, a gente gera transformação e impacto na sociedade”, concluiu. Um dos grandes diferenciais do projeto é a facilidade do acesso à plataforma por diferentes níveis de escolaridade e de produtores agrícolas.
A equipe Ocean Code, com o projeto “Globe Explorers”, também foi premiada e representará a capital baiana. Composto por Wendy Barbosa, engenheira mecânica; Bruna Gomes, internacionalista e especialista em ESG; Fernando Fábio, analista de sistemas; Yuri Ferreira, analista de sistemas; Pablo William, analista de sistemas; e Charlles Glauber, filmmaker, o grupo desenvolveu um jogo que tem como objetivo educar, engajar, conscientizar e criar verdadeiros protetores do meio ambiente. “Nosso projeto combina ciência real com aventura em uma plataforma interativa, em que os usuários assumem o papel de defensores ambientais, exploram ecossistemas diversos, desde mares poluídos até florestas ameaçadas por queimadas”, explicou Wendy Barbosa.
No jogo criado, que traz ainda recursos de audiodescrição para jogadores com deficiência visual e navegação intuitiva, cada missão é baseada em protocolos científicos do Globe, uma iniciativa global de monitoramento ambiental, de modo que, enquanto o usuário joga, está interagindo com dados e práticas reais que ajudam a monitorar e proteger o meio ambiente. Uma das grandes inovações é a possibilidade de identificação em tempo real, por meio de câmeras dos dispositivos, de objetos poluentes ao redor. “A gente acredita que a consciência das futuras gerações é o que pode trazer essa mudança, então o protocolo Globe, quando a gente viu, já pensando na gamificação, que facilita o entendimento, interatividade e agrega valor para esses jovens, essas crianças, a gente pensou que tinha tudo a ver com esse propósito, com esse impacto”, ressaltou Bruna Gomes.
Nesta edição, os desafios propostos aos participantes foram inspirados nos impactos das mudanças climáticas e na observação da Terra, alinhados com as temáticas “Espaço” e “Planeta Terra”. Os participantes tiveram acesso a dados de satélites e outras fontes de informação da NASA e agências parceiras para desenvolver suas soluções. A partir de agora, as equipes Asttra e Ocean Code passam a concorrer na etapa mundial e o resultado será divulgado no começo de 2025.
Resultados expressivos – Considerado um dos principais eventos de inovação da Bahia, reunindo talentos de diversas áreas e promovendo a colaboração entre academia, empresas e governo, o NASA Space Apps Challenge Salvador contou com a participação de de Sidney Matos e Lais Azevedo, ambos da comunidade internacional “Forbes Black”, do mentor campeão no mundial em 2019, Thiago Barbosa (integrante da equipe Cafeína), e de mentores que são atuantes no ecossistema de inovação baiano.
A representante do “Nasa Space Apps Salvador”, Leka Hattori, avalia a sétima edição do evento com dois marcos importantes. “Desde a primeira edição em 2018, fomento o segmento aeroespacial como vertical de negócios, e sete anos depois, temos o início do Parque Tecnológico Aeroespacial na Bahia, e viver o desenvolvimento dos projetos com base em dados de satélites, foi uma realização pessoal e da minha equipe, muito disruptiva. Os projetos vencedores, e alguns outros, estão já com protótipos funcionando, ou seja, estão à disposição dos órgãos públicos e privados que fomentam a inovação e a busca de novas startups, agora é com os demais players do ecossistema valorizarem, de forma concreta, os talentos baianos”.
Para André Oliveira, superintendente de planejamento e novos negócios do SENAI CIMATEC, sediar o “NASA Space Apps Challenge” foi uma experiência significativa para a instituição. “O CIMATEC Aeroespacial vai posicionar o estado como um polo de desenvolvimento e inovação no setor, criando uma cadeia de negócios de alta tecnologia. É uma parceria estratégica entre o Governo do Estado, o Ministério da Defesa e a Força Aérea Brasileira, que impulsionará o crescimento econômico e tecnológico da Bahia. Nesse cenário, é fundamental que inspiremos e capacitemos as novas gerações para ocupar essas futuras vagas e transformar o setor aeroespacial em um dos pilares econômicos do estado“, afirma Oliveira.