Com novo álbum, Moreno Veloso fala sobre relação com pai e tia: ‘não acho banal; não dá pra normalizar’

Com novo álbum, Moreno Veloso fala sobre relação com pai e tia: ‘não acho banal; não dá pra normalizar’

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Com informações de O Globo

Leo Aversa

Publicado em 21/05/2024 às 10:25 / Leia em 3 minutos

Se passaram 42 anos desde que um pequeno Moreno Veloso participou, com um grito de “Ilê Aiyê”, na faixa “Um Canto de Afoxé para o Bloco do Ilê”, gravada por seu pai, Caetano Veloso, no álbum “Cores, Nomes”. Com essa canção, ele estreou também como compositor, com apenas 9 anos. Começava ali uma relação especial com o bloco afro também, por quem nutre uma admiração especial.

Seu novo álbum, “Mundo Paralelo”, lançado na última semana, inclusive, traz na música-título, uma composição de Carlos Rennó e Tiganá Santana, uma ode ao bloco afro. Em entrevista ao jornal O Globo, Moreno explica que esse mundo paralelo do nome da faixa faz referência à “beleza que vem da alegria, da dança, da música, da cultura negra de Salvador”, cidade em que nasceu. “Você fica apaixonado pelo brilho da pele, os traços, a dança. O fato de o Ilê não deixar branco desfilar intensifica isso ainda mais”, reflete.

Segundo ele, o novo álbum o reconecta com suas origens artísticas, que passa por essa relação com o Ilê Aiyê, que tem 50 anos de história. “Do Curuzu, bairro mais negro de Salvador, é um bloco constituído no terreiro de candomblé, força cultural que atravessou décadas. Essa posição política é importante para o Brasil”, explica à repórter Maria Fortuna, que não perde a oportunidade de falar com Moreno da relação com seu pai e sua tia, Maria Bethânia.

Moreno ao lado do pai, Caetano | Foto: Reprodução/Instagram

Sobre ouvir, desde os 3 anos, a pergunta “Como é ser filho do Caetano?”, Moreno destaca que nunca foi um problema, “mas já foi chato” e contextualiza. “É chato pela repetição, falta de consideração, pela impessoalidade. Mas nunca é ruim. É uma maravilha fazer parte dessa gente, ser filho do meu pai”, diz o artista, que sabe a sorte que tem.

“Quando cresci, ainda percebi que ele tem um trabalho maravilhoso, amigos tão gênios quanto ele. Percebi que em casa tinha o Milton Nascimento de vez em quando, o Chico Buarque. Por que achar ruim? Acho sensacional”, avalia. “Não acho banal ser filho do meu pai, sobrinho da minha tia”, destaca, relembrando que nem Caetano se “acostuma” com a presença da irmã. “Nem meu pai acha banal ser irmão dela. Ela senta na plateia, ele fica nervoso. Eu também. A gente é fã. Isso toca a gente lá no fundo”, revela.

Normalizar? De forma alguma, mesmo vivendo essa realidade há quase 52 anos, desde que nasceu. “Não dá para normalizar. Ia para a casa do Gil todo dia. Ficava sentado ao lado dele sabendo que não era normal. Nunca perdi a oportunidade de tocar, aprender com ele. Amo, sou fã. Essa felicidade me
acompanha a vida toda. Nesse sentido, é maravilhoso ter nascido nessa família, nesse lugar, neste país”, conta, reforçando que se chateia com a “falta de educação, a insistência e a repetição”, mas, ainda assim, considera que ele e seus irmãos são sortudos.

“Sei que muito filho de artista sofre, não quer fazer música por se sentir mal com a comparação. Vejo no meu coração e no dos meus irmãos que a gente deu sorte. Não sofremos, não sentimos esse peso. A gente toca o bonde pra frente”, celebra.

Alô Alô Bahia no seu WhatsApp! Inscreva-se

Compartilhe