Sinais de burnout em socorristas e voluntários liga alerta no RS

Sinais de burnout em socorristas e voluntários liga alerta no RS

Redação Alô Alô Bahia

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Prefeitura de Canoas/Divulgação

Publicado em 15/05/2024 às 11:15 / Leia em 3 minutos

A saúde mental dos profissionais e dos voluntários que atuam nos resgates e assistências às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul já vem dando sinal de desgaste e preocupando profissionais da saúde do estado.

“Temos pessoas fazendo o resgate, reiterando as pessoas das suas casas, que foram diretamente expostas a situações muito traumáticas. E temos profissionais envolvidos no acolhimento nos abrigos, que estão envolvidas nesse atendimento aos sobreviventes. Em ambos os casos já vemos pessoas apresentando muitos sinais de exaustão, de desgaste emocional, de cansaço”, é o que aponta o coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trauma e Estresse da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Christian Kristensen, em entrevista ao jornal O Globo.

Segundo ele, essas pessoas chegaram a esse estágio porque foram muito demandados, até mesmo fisicamente, e porque estão sobrecarregados emocionalmente pelo sofrimento. “O burnout é esse desgaste emocional que as pessoas estão tendo, de exaustão. Até fadiga por compaixão, que é um termo que usamos muito nesse momento”, explica.

Essa questão tem sido uma das principais preocupações para psicólogos que atuam em abrigos, como é o caso da psicóloga da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Flávia Wagner, que atua em abrigos de Porto Alegre. Ela revela, também em entrevista ao jornal O Globo, que equipes de Saúde, Direito, Serviço Social e outras instituições passaram a prestar atendimento psicológico também para os próprios voluntários do acolhimento.

“Para conseguirmos ajudar o outro precisamos estar bem. Mas muitos voluntários têm feito turnos seguidos, sem período de descanso. Alguns ficam direto nos abrigos. E sabemos que isso não se sustenta por muito tempo, esse esgotamento muito forte já está surgindo. Se fosse algo emergencial por dois, três dias, seria possível. Mas sabemos que levará mais tempo. E precisamos de voluntários em condições de acolher. Até porque muitos voluntários também perderam muitas coisas com as enchentes, estão passando por muitas dificuldades”, conta.

Para Kristensen, quando a situação do estado se estabilizar, será preciso lidar ainda com as consequências da exposição a situações traumáticas. “Vamos ter uma série de preocupações e medidas que precisarão ser tomadas com as pessoas que estão apoiando agora. Um transtorno de estresse pós-traumático é um transtorno em que ocorre uma exposição a um estressor que geralmente envolve ameaça à vida, à integridade física da pessoa, como a enchente, e isso vem acompanhado por reações que iniciam ou se agravam após o evento estressor primário”, acrescenta.

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