Quando tem significado, tudo fica mais valioso. O que dizer do desfile de Isa Silva em sua estreia no Festival Feira Preta, realizado no sábado passado (3), além de simbólico? Ao eleger Dete Lima como inspiração, a estilista baiana não só criou belas roupas, como também reverenciou uma das pessoas mais importantes da história do Carnaval nos últimos 40 anos.
Para quem não conhece Dete Lima, saiba que ela é a estilista e artista plástica do primeiro bloco afro do Brasil, o Ilê Aiyê, que conta com mais de 50 anos de história. Todos os anos, sai de sua mente criativa – e ativa – as fantasias dos associados, os trajes de suas Rainhas de Carnaval e da Banda Aiyê.
Desfile de Isa Silva com Dete Lima. Fotos: Waldir Evora e De Macedo
Isa conheceu Dete durante a universidade. A primeira sentiu falta de representatividade de estilistas negras nas aulas e reconheceu na segunda não só a valorização da sua cultura, mas também da sua ancestralidade. “Axé, Odara, Dete Lima”, nome da coleção apresentada no Museu Afro Brasil, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, é um belo reflexo da admiração de uma pela outra.
Desfile de Isa Silva. Fotos: Waldir Evora e De Macedo
O desfile, que contou com apoio da São Paulo Fashion Week, apresentou ainda joias assinadas por Katia da Mac e penteados cuidados por Seda. Além disso, a Banda Aiyê esteve presente, fazendo ao vivo a trilha sonora. Um luxo.
Dete Lima e Isa Silva. Fotos: Waldir Evora e De Macedo
Para mostrar seu “Axé Odara”, Isa Silva elegeu uma cartela de cores que homenageou o mais belo dos belos: vermelho (representando o sangue derramado pelos negros no período da escravidão no Brasil), amarelo (simbolizando o poder), preto (a cor da pele do povo negro) e branco (representando Oxalá, o Orixá da paz).
A modelo baiana Maria Massena. Fotos: Waldir Evora e De Macedo
O desfile contou com a presença de Dete Lima e suas filhas, Valéria e Catarina Lima, que juntas lideram o Instituto da Mulher Negra Mãe Hilda de Jitolu, além da Deusa do Ébano Larissa Valéria. Na passarela, os looks foram apresentados por um casting diverso e inclusivo, formado por convidadas, como a influenciadora Wladia Goes, além das família Massena: as gêmeas Susana e Suzane, que já foram capa da Vogue Japão, sua irmã, Suelen Massena, e a mãe delas, Maria Massena, todas baianas.
