Quatro motivos para não desistir do Cinema, por Alexandre Augusto

Quatro motivos para não desistir do Cinema, por Alexandre Augusto

Redação Alô Alô Bahia

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Por Alexandre Augusto para Alô Alô Bahia

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Publicado em 05/05/2024 às 21:16 / Leia em 4 minutos

Os aplicativos de streaming estão matando lentamente o cinema. A pandemia ajudou nessa morte lenta; é bem verdade, mas a comodidade de ter o filme que quiser na palma da mão acho que é o mais letal desta história. E eu tiro por mim que hoje tenho de tudo na minha televisão: Netflix, Globoplay, Max, Disney, Star+, Paramount, Apple TV, Prime e Mubi (para ver filme cult, japonês, francês, chinês).  Sair para o cinema para que?

Os apps têm também atrapalhado o meu hábito de leitura. Antes toda vez que pegava um avião, eu levava um livro. Hoje faço isso raramente. Troquei pelas séries intermináveis e viciantes. Mas isso é outra história, hoje vou focar no cinema.

Em 2024, me prometi ir mais vezes ao cinema. E os aconselho a fazerem o mesmo. Não por um sentimento nostálgico. Mas para se obrigar a sair de casa, a levantar do sofá, a deixar a preguiça de lado e se permitir a dar um pequeno passeio. Faça isso. Sem falar que temos uma safra excelente de filmes para a tela grande. Minhas dicas a seguir para esse artigo ficar um pouco mais útil:

Duna Parte 2 – Esse é um filme feito sob medida para a tela grande. O deserto de Denis Villeneuve me lembra as longas tomadas de David Lean, me traz também a nostalgia do CinemaScope, do cinemão. O filme é pura magia e a segunda parte em minha opinião superou a primeira. Aviso, no entanto, que me sinto suspeito, pois sou um dos poucos a gostar do Duna original, lançado em 1984 por David Lynch. Amo também o romance de Herbert e acompanhei a saga de Alejandro Jodorovsky para tentar realizar o longa-metragem, tendo inclusive Salvador Dali como ator. Essa história você pode assistir no excelente documentário Duna de Jodorovsky, “o maior filme que jamais aconteceu”.

Pobres Criaturas – Outra obra de arte que assisti recentemente na tela grande e revi no Star +. Filme estranho, engraçado e cativante. Para quem não conhece a história, a referência mais próxima que posso dar é a de Frankenstein de Mary Shelley. Poor Things, no entanto, vai por outro caminho. O elenco está magnifico e não só Emma Stone, que ganhou o Oscar de melhor atriz com o papel principal. Também Willem Dafoe, Ramy Youssef e Mark Ruffalo – hilário como o sedutor que acaba seduzido.

Guerra Civil – Essa é sem dúvida uma obra para a sala escura. O filme é de impactar e não creio que na TV alcançasse o mesmo efeito. Não vou dar a sinopse, porque vocês já devem ter lido sobre. Destaco, porém, o orgulho que me deu em ver o baiano Wagner Moura dividindo o protagonismo deste filmaço. Definitivamente ele chegou lá.

Rivais – Por último, o meu filme preferido de 2024. Zendaya está magnifica no papel de Tashi. Em nada lembra a adolescente de Homem-Aranha ou a guerreira de Duna. Em Rivais ela é o pivô de um intenso triangulo amoroso com dois amigos tenistas. Com direito a cenas, digamos, mais adultas. O roteiro e a montagem do italiano Luca Guadagnino (Me Chame Pelo seu Nome) é simplesmente brilhante.  Em uma das cenas mais delicadas você se surpreende com Caetano(Veloso) cantando Pecado: “Yo no sé si este amor es pecado/que tiene castigo/si es faltar a las leyes honradas/del hombre y de Dios”.

O final do filme não poderia ser outro. Não falo mais nada. Corram que ainda está nos cinemas. E se você é daqueles mais preguiçosos, como eu era – aguardem, pois já já estará em algum app da sua Smart TV.

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Alexandre Augusto é jornalista, fotógrafo e autor dos livros Moreira da Silva, o últimos dos malandro e Stone Women.

 

 

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