Seis em cada 10 colaboradores estão emocionalmente desligados no trabalho

Seis em cada 10 colaboradores estão emocionalmente desligados no trabalho

Redação Alô Alô Bahia

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Publicado em 29/04/2024 às 07:57 / Leia em 6 minutos

Nada mais é capaz de te animar. As demandas do chefe chegam e você, de forma automática, as executa, mas não há o mínimo de tesão. Mesmo sem metas e pretensões, continua fazendo parte do quadro de funcionários por vários motivos, um deles por não ter nada “melhor à vista”. Esses sentimentos são cada vez mais frequentes no ambiente de trabalho e há pesquisas que indicam isso, como, por exemplo, o relatório State of the Global Workplace 2023 da Gallup, que revelou que 6 em cada 10 pessoas em todo mundo estão emocionalmente desligadas do trabalho.

O relatório, feito com base nas respostas de 122,4 mil empregados com 15 anos ou mais, em mais de 160 países, sugere que esses funcionários estão ocupando uma cadeira e observando os ponteiros do relógio passarem. Eles fazem o mínimo esforço necessário e estão psicologicamente desconectados do emprego. Embora sejam minimamente produtivos, são mais propensos a ficar estressados e esgotados do que os trabalhadores empenhados, porque se sentem perdidos e desligados do seu local de trabalho.

Uma advogada, que preferiu não ser identificada, atua em uma área que não lhe agrada. No escritório do qual faz parte, executa as funções que lhe são demandadas, mas não consegue se ver de roupas formais e em frente a dezenas de petições nos próximos anos.

Infeliz, continua atuando na profissão, mas prepara estrategicamente seus próximos passos em direção à mudança. A virada de chave só virá assim que concluir seu projeto de transição de carreira. O prazo é de, no máximo, dois anos.

“Embora não esteja feliz, continuo trabalhando como advogada por conforto. Ganho o suficiente para investir em cursos que me ajudem na mudança de área. Além disso, tenho uma carga horária que me permite dedicação aos estudos, então por esses motivos eu continuo. No escritório, faço tudo que me pedem, mas como não estou feliz, não sinto um pingo de ‘tesão’”, conta a profissional de 25 anos.

“Inclusive, me afastei dos colegas e já não interajo como antes. Na sexta, quando todos costumam confraternizar, eu prefiro ir para casa e me empenhar na transição. Meu foco é a mudança, está bem claro que aquilo é passageiro e uma ponte para outro capítulo da minha vida”, completa a profissional que estuda para ser analista de DevOps.

A desmotivação que toma conta dela é uma preocupação do mundo corporativo e tem até um termo em inglês para descrevê-la, o quiet quitting, uma expressão que, em tradução livre, significa “demissão silenciosa”.

“São pessoas que só fazem aquilo que está na descrição dos seus cargos, não que isso seja errado, mas não demonstram nenhum sentimento de pertencimento ou de engajamento na empresa. Nas reuniões, estão apenas de corpo presente, não opinam, não trazem ideias e não dão indícios de que querem crescer dentro da corporação. Nada contribuem”, explica a psicóloga e mestre em Gestão de Carreiras, Carla Leal.

“É preciso deixar claro, contudo, que essa ‘movimentação’ não nasce com as últimas gerações, a Z e a Millennials. Sempre existiu, agora, no entanto, estamos falando mais sobre as relações de trabalho, suas particularidades e dando nome as coisas”, completa a especialista.

Outro dado revelado pelo relatório, capaz de deixar qualquer CEO preocupado, é que toda essa desmotivação dos funcionários custa à economia global US$ 8,8 trilhões (aproximadamente R$ 42,4 trilhões). O valor equivale a quase 10% do Produto Interno Bruto do planeta, estimado em US$ 84 bilhões.

“Funcionários desmotivados não fazem questão de bater metas, geralmente não demonstram senso de equipe e não se sentem parte das conquistas. Mas precisamos avaliar de onde vem todo esse senso de não pertencimento. ‘Qual são os problemas que levam esses colaboradores a esse estado de espírito?’; ‘Será que minha empresa tem ações de incentivo ao meu funcionário?’; Meus líderes são bons o suficiente para manter uma equipe engajada?’. Não podemos jogar toda a culpa para o trabalhador”, pontua Carlos Macêdo, administrador e Gestor de Carreiras.

Na avaliação de Samantha Salese, diretora de Gente & Gestão da Propay, empresa de serviços e tecnologia para RH, as empresas precisam fazer com que as pessoas se apaixonem pela marca e pela proposta, que deve ser bem estruturada e clara, ainda na fase da seleção.

“Depois vem o processo de onboarding que é essencial para que os novos contratados entendam de forma aprofundada a cultura do negócio, enxergando de forma clara o papel que terão. Líderes capacitados para integrar e gerir esses profissionais, feedbacks e acompanhamento constante do nível de satisfação e produtividade também são tópicos fundamentais para aproximar colaboradores das empresas e garantir experiências únicas”, explica.

Ainda na avaliação de Samantha, há negócios que não estão dando a devida atenção para estes processos diários, fazendo com que funcionários se despertem e não caminhem para um objetivo em comum: o crescimento da companhia.

“Você só vai virar fã e falar bem de um restaurante para os outros se for bem recepcionado e tratado ao longo de toda jornada, inclusive, na hora de ir embora. Assim, a forma que chegou a comida e o sabor se complementam a estes detalhes. Com as corporações funcionam da mesma forma”, explica.

“O RH e demais áreas precisam estar sempre unidos para entenderem e otimizarem o fluxo e organização das áreas, o papel de cada um, as chances de desenvolvimento de cada profissional, entre outros. As trocas entre times e principalmente entre líderes e liderados é essencial para absorver problemas e desafios e criar soluções que realmente façam sentido, transformando a rotina de todos”, completa Salese.

O principal evento de ESG realizado no Nordeste será promovido entre os dias 22 e 23 de maio, em Salvador. Produzido pelo CORREIO e Alô Alô Bahia, a terceira edição do Fórum Salvador proporcionará um conjunto de palestras, painéis e estandes sobre assuntos relacionados com a preocupação dos setores empresarial e financeiro com a preservação ambiental, social e com os processos de governança.

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