Chegada da imagem do Senhor do Bonfim a Salvador completa 279 anos; entenda popularidade entre os baianos

Chegada da imagem do Senhor do Bonfim a Salvador completa 279 anos; entenda popularidade entre os baianos

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Com informações de Raquel Brito, do Jornal Correio*. Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro

Marina Silva/CORREIO e Manu Dias/GOV BA

Publicado em 19/04/2024 às 10:27 / Leia em 4 minutos

Para baianos que são fiéis e devotos do Senhor do Bonfim, a última quinta-feira (18) foi um dia especial: a chegada da imagem do Santo na capital baiana completou 279 anos. Personagem de canções como São Salvador, de Dorival Caymmi, e Samba da Baía de Todos os Santos, de Moraes Moreira, o Senhor do Bonfim é parte essencial da cultura soteropolitana. Representação de Jesus Cristo sendo adorado no momento de sua morte, o Santo dos Santos não é padroeiro oficial de Salvador e nem da Bahia, mas arrasta devotos por todo o estado.

Segundo o padre Edson Menezes, pároco da Basílica do Senhor do Bonfim, a devoção ao Senhor do Bonfim é uma iniciativa do povo. Ele afirma que a figura e a igreja se tornaram uma referência de fé, de lugar onde as pessoas podem procurar consolo, paz, cura e respostas para suas dúvidas.

“A igreja passou também por essa vocação especial de acolher e conviver com o diferente. Então a realidade do sincretismo religioso aqui eu considero também como algo muito especial, muito particular, que deixa uma lição”, diz.

(Foto: Manu Dias/GOV BA)

E quem não se lembra da Colina Sagrada ao ouvir “glória a ti neste dia de glória”? O Hino ao Senhor do Bonfim, popularizado nas vozes de Caetano, Os Mutantes, Gal Costa e Gilberto Gil, foi encomendado em 1923 para o centenário da independência da Bahia, mas tornou-se marca registrada do Santo em Salvador.

De acordo com o historiador Rafael Dantas, a imagem, a festa — hoje Patrimônio Imaterial Nacional — e a tradição que se criou em volta do Senhor do Bonfim ajudam a traduzir a ideia da religiosidade da Bahia e do soteropolitano ao longo do tempo.

“Ele se torna uma referência, do ponto de vista da devoção e de toda a tradição que está inserida nesse processo, justamente porque a tradição do Bonfim foi abraçada pela população, por todos os romeiros, por todas as pessoas que se deslocavam até Salvador”, explica.

As fitinhas, hoje um símbolo de Salvador, surgiram a partir dessa popularização. A princípio, elas tinham a medida de um dos braços da imagem do Senhor do Bonfim, que completou nesta quinta-feira (18) 279 anos desde que foi trazida para a capital da Bahia.

“Com o passar do tempo, essa medida acaba ficando em desuso e se cria, já no século XX, a fitinha do Bonfim, em algodão ou em tecido sintético com o tradicional colorido que a gente conhece hoje. Antes tínhamos as medidas, hoje as fitinhas do Bonfim. Então a imagem, juntamente com a festa, possui sim uma relação muito intrínseca ao aumento da devoção”, afirma Dantas.

Imagem secular não sai mais da Igreja do Bonfim

Imagem fez 279 anos em Salvador nesta quinta-feira (18) (Foto: Marina Silva/CORREIO)

Em Salvador há 279 anos, a imagem do Senhor do Bonfim só saiu da Basílica para procissões e ocasiões especiais 13 vezes nesses quase três séculos. A figura, que representação de Jesus Cristo no momento de sua morte, precedeu a igreja, que foi construída para abrigá-la. 

O pároco da Basílica, padre Edson Menezes, conta que, hoje, existe uma réplica para cumprir essas demandas, já que a peça original deve ser preservada. “É uma outra, igualzinha àquela, do mesmo tamanho. [A original] fica guardada ali no nicho principal”, diz.

Para preservar a obra, um profissional especializado em restauração de imagens faz periodicamente a averiguação e as restaurações necessárias.

Entre março e abril 2019, os fieis puderam, pela primeira vez neste século, chegar perto da imagem e tocar na cruz, que foi descida do altar-mor no período. A exposição fez parte da Jornada de Veneração a Santa Cruz do Senhor do Bonfim.

Antes disso, de acordo com registros da Devoção do Senhor do Bonfim, a última vez que a imagem foi retirada do altar-mor para a veneração dos fiéis havia sido em 1996, quando a Arquidiocese realizou a abertura do Jubileu dos 2000 anos do nascimento de Jesus, no estádio da Fonte Nova.

A paróquia não soube precisar quando a imagem deixou de sair da igreja por recomendação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas contou que essas saídas aconteceram apenas 13 vezes, sendo a primeira em 1823. Entre estes momentos, destaca-se o ano de 1923, quando a imagem saiu pela quarta vez por ocasião do primeiro centenário da independência da Bahia.

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