Bares e restaurantes estão enfrentando desafios em relação à capacidade de acompanhar a inflação. O setor está segurando os preços do cardápio e buscando maneiras de lidar com uma alta menor do que o índice geral de inflação. Os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). na última quarta-feira (10), reforçam isso. A estratégia, aliás, vem impactando na margem de lucro dos estabelecimentos desde janeiro. No último mês, o índice de inflação da alimentação fora do lar foi de 0,35%, enquanto no domicílio foi de 0,59%. Já a variação do índice geral foi de 0,16%.
Entretanto, no acumulado do ano, a inflação dos bares e restaurantes é quase três vezes menor do que a registrada dentro de casa: o índice de alimentação no domicílio atinge 3,56%, enquanto fora do domicílio está em 1,09%. O índice do setor está, também, abaixo do índice geral no acumulado do ano: 1,42%.
Os dados refletem o esforço do setor em segurar os preços dos cardápios, apesar dos desafios econômicos enfrentados. Segundo pesquisa recente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 37% dos estabelecimentos não conseguiram reajustar os preços nos últimos 12 meses, mesmo diante da alta no valor dos insumos.
Quanto aos preços de alimentos e bebidas, os principais insumos do setor, houve uma variação de 0,53% em março, enquanto no acumulado do ano está em 2,88%. Os números mostram que os empresários estão buscando equilibrar os custos sem repassar integralmente os aumentos aos consumidores. Ainda segundo a pesquisa da Abrasel, entre os 31% de estabelecimentos que operaram com prejuízo em fevereiro, o terceiro principal fator que influenciou no resultado negativo foi o custo dos alimentos e bebidas.
“No acumulado do ano a diferença está muito grande. Estamos em um momento difícil quanto ao faturamento, principalmente em função da queda do movimento em janeiro. Isso faz com que o empresário aperte as margens para evitar repassar os aumentos ao cardápio. Mas com 40% do setor tendo dívidas em atraso, isso só profunda o problema e põe em risco a sobrevivência das empresas. Precisamos de um plano para resgate de quem está nesta situação, sem ter para onde correr, por isso já encomendamos à FGV um estudo para poder mapear as soluções possíveis o mais rápido possível”, diz Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.