Adriana Varejão visita famoso destino baiano para temporada de imersão artística

Adriana Varejão visita famoso destino baiano para temporada de imersão artística

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Antonio Dilson Neto

Reprodução/Redes sociais

Publicado em 04/04/2024 às 18:03 / Leia em 4 minutos

Adriana Varejão, uma das artistas brasileiras de maior destaque na cena contemporânea no Brasil e no mundo, escolheu a Bahia para uma temporada de pesquisa imersiva.

O destino foi Maragogipinho, vilarejo no baixo sul da Bahia, com cerca de três mil habitantes e que é considerado o maior polo cerâmico da América Latina.

Em entrevista ao Alô Alô Bahia, Adriana contou detalhes da experiência.

“Eu já tinha ido a Maragogipinho e tinha essa vontade de passar mais tempo, conhecendo mais a fundo a produção local, em especial, as pintoras”, disse.

Por meio de Alice de Souza, uma amiga de Adriana que conhece a região desde a infância, a artista conseguiu alguns encontros com artesãos locais para aprender mais sobre a técnica tradicional da cerâmica de Maragogipinho.

“O estudo da cerâmica faz parte do meu trabalho desde sempre, com a azulejaria barroca portuguesa, a cerâmica chinesa, do oriente médio, espanhola, talavera mexicana”, relembra Adriana.

Durante os nove dias que ficou em imersão na Bahia, Adriana colecionou experiências únicas. Entre elas, a artista registra a visita a Dona Cadú, uma ceramista centenária da região. Aos 104 anos, Dona Cadú é reconhecida como uma das maiores artistas da cerâmica tradicional, tendo recebido, inclusive, o título de doutora honoris causa pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

 

Outro momento marcante e que foi registrado nas redes sociais foi quando Adriana conheceu o ateliê de Almir Lemos, a quem definiu como “Um artista da cerâmica muito sensível, extremamente sofisticado e comprometido com sua pequena produção”.

Arte e História

Desde 2008, quem visita os 140 hectares do Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais, pode imergir no trabalho de Adriana Varejão em uma galeria exclusiva da artista. O Inhotim é referência em arte contemporânea no Brasil e é reconhecido como o maior museu a céu aberto do mundo.

No trabalho de Adriana, há fortes referências de diversas culturas. O corte, a rachadura, o talho e a fissura são elementos recorrentes nos trabalhos da artista desde 1992.

Suas pinturas e instalações questionam as relações sociais construídas em um passado colonial. Em suas obras, os materiais estão ligados simbolicamente à história cultural brasileira. Por isso, estar na Bahia e em contato com uma produção artística tradicional como a cerâmica de Maragogipinho foi marcante para a artista.

“A Bahia é um lugar de riqueza cultural sem precedentes. Essa força emana das pessoas e de suas práticas. Para mim, foi muito importante esse retorno à terra e às práticas que se perpetuam coletivamente”, elogia Adriana.

Adriana Varejão constrói obras com diferentes camadas de materiais e significados. Por meio de símbolos que remetem à colonização e à evangelização católica, a artista questiona como um passado de dominação ainda reverbera na contemporaneidade brasileira.

Nesse aspecto, a temporada em Maragogipinho foi um momento para observar como os ceramistas tradicionais se relacionam com os materiais escolhidos.

“Eu sempre ia à Bahia com ambições diferentes, especialmente para o estudo do barroco, da nossa contundente história. O barroco se refere ao teatro e ao artifício.
Essa relação com os elementos naturais, como a terra, o barro, a água, o fogo, a dinâmica do próprio corpo no processo de moldagem, é algo que tem me fascinado cada vez mais”, comenta a artista plástica.

Embora a visita de Adriana não seja para nenhum projeto artístico em específico, ela fez questão de registrar com atenção os detalhes do renomado processo artístico. “Estou sempre de olhos abertos para as produções de artistas nacionais”, finalizou.

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