O Giglio, restaurante na cidade de Lucca, na região da Toscana, na Itália, resolveu devolver sua estrela Michelin. Ao tomar a decisão, os donos disseram buscar retornar às origens do serviço. “Queremos poder fazer o trabalho que amamos sem ter que nos preocupar com os padrões dos outros. Queremos proporcionar uma experiência informal, acessível, mas sempre de alto nível. Por isso, informamos ao guia Michelin que abrimos mão da estrela. Voltaremos a fazer o que gostamos, do jeito que gostamos”, comunicou o restaurante, nas redes sociais, na última semana.
A premiação foi recebida em 2019 e reconheceu o estabelecimento como um destino de alta gastronomia. Ultimamente, no entanto, segundo os sócios, a honraria deixou de fazer sentido. “Não temos nada contra o sistema Michelin. Estamos apenas dizendo ‘não nos vemos mais de uma determinada forma'”, explicou Benedetto Rullo, um dos sócios, ao jornal britânico The Times.
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O Giglio fica em frente ao Teatro Municipal de Giglio, uma casa de ópera do século XIX. Com capacidade para 50 pessoas, em um grande salão com afrescos no teto e espelhos emoldurados, o restaurante diz querer ser mais informal e acessível na cozinha. “Não somos o tipo de lugar onde você vem adorar chefs que são estrelas”, defende Rullo, para quem a estrela Michelin se tornou um fardo. De acordo com ele, muitos clientes acabavam intimidados e, para a equipe, manter o status aumentou os níveis de estresse.
“Hoje, após cinco anos de estrela Michelin, não a queremos mais. Queremos encontrar aquele desejo de nos divertir que perdemos. A estrela Michelin é uma honra, mas também impõe um estilo e um tipo de pressão na escolha do menu e da atmosfera do lugar, que não é mais nosso”, defendeu Lorenzo Stefanini, segundo membro do trio de chefs do Giglio. “Queremos trabalhar com um sorriso”, finalizou.
Este caso recente na Itália não é isolado. Em 2021, Yoki Tokuyoshi fechou um restaurante estrelado de comida japonesa em Milão, também na Itália, e o reabriu como uma casa mais simples. Na época, ele justificou que a mudança permitiu reduzir a equipe e dobrar os lucros. Outro exemplo é o do britânico Marco Pierre White, o chef mais jovem a ganhar três estrelas, em 1994. Ele devolveu a distinção cinco anos depois para passar mais tempo com os filhos.
O chef argentino Francis Mallmann recusou um prêmio do Guia Michelin para um de seus restaurantes na Argentina. Ele alegou que a publicação foi patrocinada pelo governo da Argentina, assim como aconteceu recentemente no Brasil. Segundo Mallmann, isso compromete a credibilidade da versão local do guia.