Frutas e tilápias são as maiores preocupações do agro baiano, diz presidente da Faeb

Frutas e tilápias são as maiores preocupações do agro baiano, diz presidente da Faeb

Redação Alô Alô Bahia

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Correio

Charles Ricardo/Pixabay

Publicado em 28/07/2025 às 17:26 / Leia em 4 minutos

Apesar de reconhecer que o tarifaço de 50% anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump para o Brasil preocupa o setor agrícola baiano como um todo, o produtor Humberto Miranda, presidente da Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), ressalta que há algumas áreas que sentirão mais o impacto que outras. Ele destaca a fruticultura, com especial preocupação para a manga in natura, que tem 60% da sua produção escoada para os Estados Unidos. As produções de uvas e de tilápias, em menores proporções, também devem ser alvos de atenção, recomendou o dirigente setorial em um encontro com a imprensa nesta segunda-feira (dia 28) pela manhã, na sede da Faeb.

“Esta questão não é fácil de ser resolvida, esperamos que os governantes pensem no povo brasileiro, porque este problema vai parar no colo das pessoas. O anúncio das tarifas já criou insegurança, o que não é bom em nenhum aspecto, já tivemos outros produtos em que houve quedas, mas a situação da manga in natura é uma que merece atenção especial”, ponderou. “Hoje, 60% da produção baiana vai para os Estados Unidos e a colheita começa em setembro. Estamos falando de um produto altamente perecível e não há tempo hábil para encontrar mercados alternativos”, calcula.

Para Humberto Miranda, houve uma politização na questão comercial, o que dificulta a busca por uma solução.

Humberto Miranda, à esquerda com microfone, em encontro com jornalistas

Ele acredita que os produtores de café e celulose, outras culturas que têm bastante mercados nos EUA deverão buscar novos mercados, mas esta não é uma alternativa viável no caso das frutas. “Se essa loucura continuar, outros mercados serão abertos, mas a fruticultura é emblemática e urgente para evitar desemprego e insegurança na atividade”, apela.

O presidente da Faeb acredita que o melhor caminho para a negociação é o de setorizar a discussão. “Se for possível estabelecer uma pauta em que se resolva o mais urgente, ganharemos tempo. Sabemos que este é um problema que afeta a todos, mas não a todos da mesma maneira. Se eu tivesse a oportunidade de influenciar o rumo das discussões, apostaria tudo numa setorização das conversas”, recomenda.

Humberto Miranda ainda lamentou o enfraquecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC) como uma instância para a mediação de conflitos como estes. “Se a OMC tivesse força para estabelecer uma solução diplomática, seria melhor para todos, mas infelizmente a entidade perdeu a capacidade de gerenciar estes conflitos internacionais”, disse.

Homenagem ao Produtor

O presidente da Faeb, Humberto Miranda, destacou a importância social e econômica dos agricultores para o Brasil. No dia em que se comemora o Dia do Produtor Rural, o dirigente destacou o papel do trabalho no campo para o barateamento da cesta básica brasileira. Em 1994, o pacote com os alimentos básicos representava R$ 58,99% de um salário mínimo. Hoje, o custo é inferior a 40%, segundo dados apresentados pela Faeb.

“É muito importante mostrarmos a transformação que está acontecendo na nossa Bahia. Hoje, nós oferecemos assistência técnica a 30 mil produtores rurais e mais de 90% deles são de micro ou pequeno portes”, destacou. A participação da atividade no Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia varia entre 23% e 25%. “Quando falamos sobre o PIB baiano, estamos tratando de um universo de R$ 100 bilhões e nós somos responsáveis por um quarto disso”, destacou.

Em relação à geração de empregos, Miranda acrescentou que a responsabilidade da agropecuária é de quase 30% do total. “Estamos falando de empregos tradicionalmente ligados ao campo, mas também de outras profissões vistas como urbanas, como é o caso dos programadores de sistemas”, disse.

“Em dez anos, nós vamos ter o início de um êxodo em sentido contrário, com as pessoas das cidades indo para o campo em busca de oportunidades. Um dos fatores para isso é a tecnologia, que nos permite estar em todos os lugares. Em cidades do interior se vive com mais qualidade”, ponderou.

Humberto Miranda ainda falou sobre gargalos que as atividades rurais enfrentam na Bahia. Os problemas passam tanto por questões de infraestrutura de transporte, conectividade e educação, enumerou.

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