Conheça artista baiano que, após alcoolismo, forma cidadãos por meio da arte no DF

Conheça artista baiano que, após alcoolismo, forma cidadãos por meio da arte no DF

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

José Mion, com Jornal de Brasília, Correio Braziliense e TV Globo Brasília

Reprodução/Globo Brasília, Divulgação e Gustavo Yamagi via Correio Braziliense

Publicado em 25/03/2024 às 14:40 / Leia em 4 minutos

Conhecido como Chico Metamorfose, o artista baiano Francisco Bastos da Costa mantém, há 27 anos, na cidade de São Sebastião, uma região administrativa do Distrito Federal, o Instituto Metamorfose – Cidadão com Profissão. O nome do projeto, que virou também uma espécie de sobrenome, surgiu após uma profunda transformação pessoal, que o fez renascer como cidadão, depois de seis meses em uma clínica onde se tratou contra o alcoolismo.

O projeto oferece aulas de pintura gratuitas, jogos pedagógicos, biblioteca para leituras e apresentação de música e capoeira, ao lado de uma galeria de arte a céu aberto, a Rua das Artes Metamorfose, onde, desde 2018, estão expostos 18 painéis pintados por sete diferentes artistas da região e integrantes do instituto.

Segundo Chico, natural de Muritiba, no Recôncavo Baiano, a ideia é formar cidadãos por meio da arte, sendo também uma fonte de novos talentos e espaço de inclusão social de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade, através da arte e cultura. No ateliê, o artista diz já ter lecionado para mais de 10 mil crianças sobre os conceitos de luz, sombra, proporção e as principais técnicas na pintura a óleo.

O mais importante, no entanto, segundo o criador do projeto, é que se comunicando através do pincel, esses jovens se veem afastados da rua e dos vícios. “Depois que eu passei na casa de recuperação foi que eu acordei para dizer para mim mesmo: ‘eu sou um cidadão, eu tenho uma profissão e eu vou atender todos aqueles que estão perdidos ou aqueles que não se acharam'”, disse o baiano de sorriso aberto ao Jornal de Brasília, reforçando que influenciar positivamente a vida das crianças é a sua missão de vida.

No ateliê, inclusive, ninguém é apenas aluno o tempo todo. Com cerca de 10 alunos por turma, a fim de que possa dar a todos uma atenção especial, o professor faz questão de estimular aqueles que já demonstram mais controle com os pinceis e tintas a passarem isso adiante, como instrutores dos próprios colegas. “É um espaço de troca de saberes constante”, gosta de destacar Chico, que conta com o apoio de Madalena, sua esposa, que cozinha para as crianças.

A primeira pintura do artista autodidata foi feita enquanto ele ainda estava na casa de recuperação, em Ceilândia. Em uma pausa, após capinar parte de um terreno sob o sol quente, uma coruja em um cenário noturno foi sua inspiração. “Eu já me sentia recuperado. Então, eu não queria ficar fazendo uma coisa que não ia contribuir para a minha vida artística. Eu já ficava acelerado e queria pintar. Foi onde a coruja nasceu”, relembra.

Ao sair da reabilitação, sem um espaço para chamar de seu, começou o projeto no quarto alugado de um antigo vizinho. O que começou como uma casa de louvor logo se tornou o ateliê de Chico, que, recentemente teve sua reforma anunciada. As pilastras com ferrugem e paredes com rachaduras expostas em breve não existirão mais, após as obras que serão financiadas por um leilão das obras do próprio Chico e com apoio da produtora Bem Dito, à frente da carreira do grupo de pagode brasiliense Menos é Mais.

Os pagodeiros se mobilizaram e se uniram ao Archademy Distrito Federal, um coworking focado em arquitetos e designers, para organizar um concurso entre alguns escritórios de arquitetura que assinariam o projeto da reforma do instituto. Ainda esse ano, o novo espaço, com estrutura renovada e melhora no conforto térmico, terá suas obras iniciadas e entregues, através de uma coautoria dos escritórios Noví Arquitetos e Noi Due Arquitetura.

“Com a reforma do instituto nós poderemos alcançar mais famílias e profissionais para mudar esse mundo. Antes do projeto eu me perguntava como poderia continuar em um espaço que na época do calor ficava muito quente e na chuva molhava mais dentro do que fora”, comemorou Chico, em entrevista ao Correio Braziliense.

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