A pausa na carreira, para muitos, acontece por motivos bem definidos: estudar fora, passar uma temporada no exterior, cuidar da saúde ou da família. Mas, para a executiva Ana Paula Franzotti, que soma mais de três décadas de atuação em gigantes como Coca-Cola, Ford e Unilever, o motivo foi outro — o desejo de administrar o próprio tempo e viver com mais liberdade.
“Hoje eu quero ser a CEO da minha própria vida”, resume Franzotti. A decisão, tomada em 2024, veio no auge da carreira. “Amava o meu trabalho, a empresa me dava muitas oportunidades, mas sentia que precisava de um plano B”, conta.
A pausa pegou muita gente de surpresa — e levantou questionamentos. “Ouvi perguntas como: ‘Você está indo para qual empresa?’, ‘É um sabático?’, ‘Vai estudar?’, ‘Pensa em voltar para o mundo corporativo?’”, lembra a executiva. “É interessante como sentimos a necessidade de sempre estar fazendo algo.”
Natural do ABC Paulista, em São Paulo, Ana Paula começou cedo: aos 15 anos, em 11 de fevereiro de 1989, iniciou sua carreira como estagiária técnica na Ford. “Naquela época, os estagiários de nível técnico eram muito requisitados, e esse foi o meu primeiro passo em Recursos Humanos.”
Formada em Psicologia, trilhou um caminho de ascensão no setor automotivo, passando pela Ford em São Paulo e depois na Bahia, onde participou da implantação de uma nova planta industrial, liderando o recrutamento e seleção da unidade. O trabalho no estado durou sete anos e foi um divisor de águas na sua trajetória.
Na sequência, vieram experiências marcantes em multinacionais de peso: Coca-Cola e, por fim, a Unilever, onde permaneceu por 13 anos e encerrou a carreira em 1º de fevereiro de 2024 — exatamente no mesmo mês em que começou, 35 anos antes.
Agora, sem planos fechados e com a liberdade que buscava, Ana Paula Franzotti se dedica a viver novas experiências – empreender em uma consultoria e escrever o livro ‘Não se distraia’, que falará sobre a importância de manter o foco em seus planos e que deve ser lançado ainda este ano.
“Descobri, depois de uma mentoria, que não me enquadrava mais no modelo atual de trabalho. Queria, sobretudo, liberdade para viver.”