‘Primo do Mounjaro’ e sem agulha: comprimido atinge eficácia e segurança das canetas emagrecedoras

‘Primo do Mounjaro’ e sem agulha: comprimido atinge eficácia e segurança das canetas emagrecedoras

Redação Alô Alô Bahia

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Gabriel Moura, com informações de CORREIO

Gerada por IA

Publicado em 22/06/2025 às 10:57 / Leia em 6 minutos

Em meio à consolidação das canetas emagrecedoras como um dos principais métodos de tratamento da obesidade, um novo medicamento desponta como alternativa para aqueles que querem fugir das agulhas. Trata-se do orfoglipron, um comprimido oral que é agonista do GLP-1 – ou seja, uma molécula oral capaz de se ligar ao receptor do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1), tal qual substâncias como a tirzepatida (Mounjaro), semaglutida (Ozempic/Wegovy) e liraglutida (Saxenda).

O remédio, ainda experimental, pode reduzir a hemoglobina glicada em todas as doses e levar a uma perda de peso média de 7,3 quilos na dose mais alta. Os dados foram divulgados neste sábado (21), pela Eli Lilly and Company, que anunciou os resultados completos do Achieve-1, estudo de fase 3 que avaliou a segurança e a eficácia do orfoglipron em comparação com placebo em adultos com diabetes tipo 2 e controle glicêmico inadequado apenas com dieta e exercício. Os números foram apresentados no 85ª American Diabetes Association Scientific Sessions (ADA) 2025 e publicados simultaneamente no The New England Journal of Medicine.

Mesma farmacêutica responsável pelo Mounjaro, a Lilly informou que o perfil de segurança do orforglipron é consistente com a classe dos agonistas do GLP-1. No entanto, ao contrário do Mounjaro, que é um agonista duplo de dois hormônios, o orforglipron não se liga ao GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose), que estimula a liberação de insulina depois da ingestão de alimentos.

Já existem outros medicamentos orais que são agonistas do GLP-1, a exemplo do Rybelsus (que é a semaglutida, substância da farmacêutica Novo Nordisk). Segundo a Lilly, contudo, o orrforglipron é o primeiro GLP-1 oral que pode ser tomado sem restrições de alimentos e água a ter concluído, com sucesso, um estudo de fase 3. Nas 40 semanas da pesquisa, todas as três doses estudadas (3 mg, 12 mg, 36 mg) alcançaram o desfecho primário de redução superior de hemoglobina glicada (A1C) superior ao placebo. No Rybelsus, por exemplo, a empresa responsável recomenda a ingestão com no máximo 120 ml de água e esperar pelo menos 30 minutos antes de comer, beber ou tomar outros medicamentos orais.

No estudo, foi identificada uma redução de peso dos participantes, nas doses maiores (de 12mg e 36mg), em comparação ao placebo. Os que tomaram a dose de 36mg perderam uma média de 7,3 kg (7,9%). Segundo a Lilly, ainda que os participantes do Achieve-1 não pareçam atingir um platô de peso, outros estudos em andamento e de maior duração, como os ATTAIN, devem oferecer uma avaliação mais abrangente da segurança e eficácia de orforglipron para o tratamento da obesidade. Assim, essa perda de peso é considerada um desfecho secundário.

O desfecho primário foi de redução de hemoglobina glicada superior quando comparado ao placebo em 40 semanas. A diminuição da A1C foi de 1,3% a 1,6%, a partir de uma linha de base de 8,0%, para a eficácia estimada. Outras constatações secundárias indicam que até 76,2% dos participantes que tomaram o comprimido oral atingiram a meta de tratamento de hemoglobina glicada do ADA de <7%, enquanto 66,0% atingiram uma glicada de ≤6,5%, e 25,8% atingiram <5,7%, definido como um valor normal de A1C. Essas melhorias já puderam ser observadas nas primeiras quatro semanas e acompanhadas por reduções semelhantes na glicemia de jejum.

“O estudo Achieve-1 demonstrou que o orforglipron, um novo GLP-1 oral, alcançou reduções clinicamente significativas no controle da glicada e do peso corporal ao longo de 40 semanas em adultos com diabetes tipo 2”, diz o consultor científico sênior da Velocity Clinical Research no Medical City Dallas, Julio Rosenstock, que é professor clínico de medicina da University of Texas Southwestern Medical Center e investigador principal do estudo. “O rápido início da melhora glicêmica, observado já nas primeiras quatro semanas, reforça o potencial terapêutico do orforglipron como um GLP-1 oral eficaz para o tratamento do diabetes tipo 2. Esses resultados apoiam estudos adicionais em populações mais amplas e com maior tempo de duração”.

O diretor médico sênior da Eli Lilly do Brasil, Luiz André Magno, considerou os resultados animadores. “Sabemos da importância de oferecer diferentes opções terapêuticas para que médicos e pacientes possam discutir juntos pelo tratamento mais adequado para cada um, principalmente para os que não se adaptam a medicamentos injetáveis”, afirmou.

“Os resultados positivos do ACHIEVE-1 fazem com que orforglipron seja um potencial tratamento com reduções significativas de hemoglobina glicada e peso, e um perfil de segurança semelhante às terapias injetáveis de GLP-1. Aguardamos os quatro resultados globais do programa ACHIEVE, bem como os resultados do programa ATTAIN para obesidade, e trabalharemos com as agências reguladoras para levar este GLP-1 oral de dose única diária para pessoas em todo o mundo”, afirma Jeff Emmick, MD, Ph.D., vice-presidente sênior de desenvolvimento de produtos da Lilly.

O orforglipron é de dose única diária e pode ser tomado a qualquer hora do dia. A molécula foi inicialmente descoberta pela Chugai Pharmaceutical Co., Ltd. e licenciada pela Lilly em 2018. As reações adversas mais comuns foram relacionadas ao trato gastrointestinal, com gravidade leve a moderada, ocorrendo principalmente durante a escalada da dose. Além das pesquisas relacionadas a diabetes e obesidade, há estudos em andamento como um tratamento potencial para apneia obstrutiva do sono e hipertensão em adultos com obesidade.

“Os resultados positivos do Achieve-1 fazem com que o orforglipron seja um potencial tratamento com reduções significativas de hemoglobina glicada e peso, e um perfil de segurança semelhante às terapias injetáveis de GLP-1. Aguardamos os quatro resultados globais do programa Achieve, bem como os resultados do programa Attain para obesidade, e trabalharemos com as agências reguladoras para levar este GLP-1 oral de dose única diária para pessoas em todo o mundo”, pontuou o vice-presidente sênior de desenvolvimento de produtos da Lilly, Jeff Emmick.

Até o fim do ano, a Lilly diz que espera compartilhar os resultados preliminares do Achieve-2, que compara o remédio com a dapagliflozina (Forxiga, medicamento para diabetes tipo 1), e do Achieve-3, que o avalia em comparação com a semaglutida oral, ambos em adultos com diabetes tipo 2 inadequadamente controlados com metformina.

Os resultados do Attain-1 e do Attain-2, que analisam orforglipron para o controle de peso, também serão compartilhados no terceiro trimestre deste ano. A expectativa da farmacêutica é submeter o registro do orforglipron para obesidade e sobrepeso às agências reguladoras globais até o final deste ano e para o tratamento do diabetes tipo 2 em 2026.

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