Museu no sertão baiano é tesouro escondido com mais de 2.500 obras; conheça

Museu no sertão baiano é tesouro escondido com mais de 2.500 obras; conheça

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Gabriel Moura, com informações de CORREIO

Luis Tavares/Divulgação

Publicado em 22/06/2025 às 08:53 / Leia em 5 minutos

Que vale a pena visitar o Museu de Arte Popular Juraci Dórea, vale! A iniciativa do casal Selma de Paula e Aécio Pamponet fica a cerca de 300 quilômetros da capital baiana, na confortável Fazenda Garajau, assentada em terras de Macajuba e Ruy Barbosa, na Bahia. Há mais de 20 anos, o casal adquire e exibe peças criadas por artistas baianos, mineiros, goianos, sergipanos, cearenses e de outros estados no Nordeste e do Centro Oeste brasileiros. Já são mais de duas mil e 500 obras de arte.

A perspectiva, aberta pelo casal, é a institucionalização do Museu de Arte Popular com o propósito de assegurar sua continuidade mais adiante. Nesse sentido, com o apoio de incentivo cultural, o acervo foi inventariado e recebe visita regular de alunos de municípios vizinhos.

Uma das entradas: cactos e pedras pela Estrada do Feijão, entre Ipirá e Baixa Grande

Há dois acessos à Fazenda Garajau: pela Estrada do Feijão, entre Ipirá e Baixa Grande, o caminho de barro de 30 e poucos quilômetros oferece cenário único de cactos e pedras; o outro, nas cercanias de Macajuba, sede municipal que se alcança pela Estrada do Feijão ou pela BR-242, o acesso a Garajau, por estrada de barro compacto, tem cerca de 16 quilômetros.

Seja bem-vindo
A psicóloga e gestora Selma e o sociólogo e jornalista Aécio iniciaram a coleção de arte popular há mais de 20 anos. A estreia foi com a aquisição da escultura em cerâmica de São Francisco de Assis. De lá para cá, o folder do Museu explica a mudança de rumo e explicita alguns nomes de artistas que a coleção exibe:

Primeira aquisição: escultura em cerâmica de São Francisco de Assis

“Fazenda, que deveria ter sido uma unidade agropecuária produtiva, sofreu desvio de finalidade e passou a abrigar trabalhos de renomados artesãos brasileiros: Mestre Vitalino, seu amigo Manuel Eudócio e os seus descendentes do Alto do Moura [PE]; figuras contemporâneas como Zezinho, Ivo Diodato, Joaquim, Vavá, Jetro e Maria Amélia, de Tracunhaém [PE]; Espedito Seleiro, o mestre cearense do couro; Fernandes Rodrigues, de Vitória de Santo Antão [PE]; Rosalvo, Tiago e Zé Alves, de Olinda; Petrônio, Yang, VaVan, Aderaldo, Zé Crente e Caboclo, os magos da madeira da Ilha do Ferro [AL]: João das Alagoas e seus discípulos e discípulas de Capela [:] Sil, Nena, Cláudio, Leonilson, Irailda, João Carlos e Veronice; Dona Irinéia, quilombola de Muquém de União dos Palmares [AL]; Osmundo Teixeira, de Itabuna; Gerar, de Barra do Rio Grande; Acácia e Cotrim, de Rio de Contas; Emanuel, Rosalvo, João, Miro, Almerentino e o respeitado Zé das Bonecas (Taurino Silva), em Maragogipinho; trabalhos de comunidades indígenas de várias regiões; talentosos santeiros Brasil afora, além da produção de centenas de artistas anônimos e carentes de apoio oficial, que os faria sair da penúria e da penumbra.”

Ariano Suassuna, do poeta e cantador cearense Patativa do Assaré e do educador pernambucano Paulo Freire

A Fazenda Garajau tem instalações para hospedar pequenos grupos e a sugestão é alcançar esse destino numa van bem conduzida. O interessado pode consultar os proprietários pelo e-mail aeciopamponet@gmail.com ou sbpaula@gmail.com ou pelo telefone 71 988832441. O visitante é recebido na varanda pergolada da fazenda e senta-se próximo das réplicas em barro do escritor e artista plástico paraibano Ariano Suassuna (1927-2014), do poeta e cantador cearense Patativa do Assaré (1909-2002) e do educador pernambucano Paulo Freire (1921-1997).

Duas noites, pelo menos
O vasto e precioso acervo está exposto a céu aberto, como é o caso da imagem de São Francisco de Assis, ou em salões temáticos, que homenageiam expoentes da cultura brasileira, dentre os quais o poeta e repentista Bule-Bule. As obras são identificadas e, não raro, os espaços da sede da fazenda ostentam pensamentos de diversos autores. É tudo muito bem cuidado, arrumado e iluminado. Vale a pena!

os espaços da sede da fazenda ostentam pensamentos (foto 5) de diversos autores

O cenário da caatinga, sobretudo no trecho Baixa Grande-Fazenda Garajau, concentra tamanha quantidade de cactos que leva o visitante a duvidar de onde esteja. A terra seca é pontilhada de milhares de pedras de tamanhos e cores que surpreendem. Esse cenário esmaece à medida que o visitante se aproxima da sede da fazenda devido ao “plantio sistemático e continuo em áreas anteriormente degradadas pela pecuária extensiva”. O que está em curso poderá surpreender em futuro próximo.

Por fim, enalteço a inciativa do casal Selma & Aécio de homenagear o artista plástico feirense Juraci Dórea, cuja obra (exemplar do Projeto Terra) foi destaque na Bienal de Arte de Veneza em 1988. O folder utiliza a opinião do professor Rubens Alves Pereira, da Uefs, para perfilar o homenageado:

“A obra de Juraci Dórea é um estandarte sobre a vida sertaneja. Nela, viceja o espírito de um povo simples e humilde do Sertão e elevam-se grandes referências da cultura popular”.

Projeto Terra de Juraci Dórea: artista destaque na Bienal de Arte de Veneza em 1988

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