Marcella Fogaça acredita que a maternidade não existe sem altruísmo. Mãe das gêmeas Sophia e Pietra, de 4 anos, com o ator e apresentador Joaquim Lopes, a cantora ressignificou a própria vida após o nascimento da dupla. “Eu realmente vivi depois delas. Porque tudo ficou palpável: o tempo por exemplo. De um dia para o outro elas crescem. A vida ficou real. Os valores, a minha preocupação com o futuro. Hoje penso que preciso ser uma pessoa melhor para dar o meu melhor para elas”, avalia.
Apesar de amar ser mãe, a cantora tem consciência de que o dia a dia com as meninas não é fácil, especialmente por serem duas. “Elas querem ser independentes. E podem demorar o tempo que for [para fazer algo], mas fazem. As duas são muito obstinadas. E é lindo de ver essa independência que elas estão conquistando. Elas falam: ‘mamãe, já sou mocinha, vou tomar banho sozinha’. E eu deixo”, conta, aos risos.
“Elas querem lavar o cabelo sozinhas. O cabelo estava todo emplastado de condicionador outro dia (risos). A gente estimula muito a independência e tenta trabalhar os nossos gatilhos. Às vezes, elas falam: ‘quero fazer isso, mamãe’. E penso: ‘você está louca? Não vai deixar subir na árvore’. A minha cabeça já vai lá para o Copa D’Or [hospital]. Aí falo: ‘vai, filha. Vai com cuidado’. Mamãe passa mal e a criança vence uma etapa da vida”, completa, às gargalhadas.
No divã
Marcella reconhece que, desde que se tornou mãe, tenta vencer seus gatilhos emocionais para não contaminar as filhas. “Faço muita análise e autoanálise justamente para vencer o que não funcionou para mim, na minha educação, para que não repasse para elas”, explica a cantora, que apesar de ter uma ótima rede de apoio — composta por babá e amigas — está longe da família, que mora em outro estado.
“Parei minha vida por quatro anos para me dedicar à maternidade. A gente tem ajuda de babá, sempre teve. E minha mãe, sempre que podia, vinha para o Rio, inclusive ela está aqui agora. No início, eu ficava muito irritada, porque minha mãe queria dar doce às meninas. Mas um dia falei: ‘quer saber? É a avó que elas têm. Comigo ela também errou e acertou. Já falei que ela vai pagar dentista (risos). Porque ela compra as crianças com doce. Elas também têm madrinhas aqui no Rio, que sempre que preciso dão uma olhada. E a babá que está comigo desde sempre. É o amor da nossa vida! E a gente se vira”, explica.
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Foto: @fotografiathaisgalardi
Esgotamento psíquico
Nos primeiros anos de vida das gêmeas, Marcella teve um esgotamento psíquico. “Porque tive muita privação de sono. E não é nem que não tinha ninguém para ver as duas. Era uma coisa que veio muito por causa da UTI, onde elas ficaram um mês. A minha gravidez foi de alto risco e tive que fazer o parto mais cedo. Foi um período difícil, que acabei levando no otimismo, mas quando elas estavam mais independentes, relaxei. E no que parei, veio o esgotamento psíquico. Mas corri atrás”, conta.
A cantora teve uma gestação mono-mono, que é um tipo raro de gravidez gemelar onde os gêmeos compartilham a mesma placenta e a mesma bolsa amniótica. Isso significa que eles estão em um único saco gestacional, ao contrário da maioria das gestações gemelares onde cada feto tem seu próprio saco.
“A gestação mono-mono tem que interromper com 32 semanas. Desde a décima semana eu já sabia que ia ter que interromper na 32ª semana. E elas iam crescendo e o risco aumentando. Falei: ‘tenho duas opções, ou entro numa bad horrorosa, ou vou curtir cada segundo e embarcar nessa jornada’. Vou fazer o melhor que posso. Então curti minha gravidez, conversava com elas. E deu tudo certo, graças a Deus”, recorda.
As meninas ficaram 21 dias na UTI para ganhar peso. “Elas nasceram bem. Mas era época de Covid, tinha que usar máscara o tempo todo. Foi complicado. Ninguém visitava. Elas foram para casa com dois quilos. Tivemos enfermeira. E encarei tudo com muito amor. Só que isso não significa que não tive traumas. Não tive tempo de viver o puerpério”, afirma.
Quando as meninas fizeram três anos, Marcella passou a focar mais em si mesma. “Falei: ‘agora tenho que cuidar de mim. Preciso estar bem’. Se você não está bem, elas começam a regular por você. E a minha educação é muito positiva, o que é muito exaustivo para a mãe. Mas o Joaquim pensa comigo. Nosso estilo de educação é muito alinhado. Ele é super presente, mas mãe é mãe”, diz.