O bilionário Pavel Durov, criador e CEO do Telegram, afirmou em entrevista à revista francesa Le Point que pretende deixar sua herança para mais de 100 filhos, seis concebidos de forma natural e dezenas gerados por meio de doações de esperma. Todos, segundo ele, terão os mesmos direitos.
Com uma fortuna estimada em US$ 17,1 bilhões (aproximadamente R$ 93 bilhões), Durov declarou que os recursos só poderão ser acessados 30 anos após sua morte. “Quero que vivam como pessoas normais, que se construam sozinhos, que aprendam a confiar em si mesmos, que sejam capazes de criar, que não dependam de uma conta bancária”, afirmou.
Nascido na Rússia, Durov é conhecido por seu perfil reservado e por ter rompido com o governo de Vladimir Putin, o que o levou ao exílio. Antes do Telegram, fundou a rede social VKontakte, conhecida como “o Facebook russo”.
O Telegram, que hoje soma mais de 900 milhões de usuários, se tornou uma plataforma popular por seu modelo com forte criptografia, canais abertos e pouca moderação, características que geraram críticas de autoridades e governos ao redor do mundo.
Na entrevista, Durov revelou que redigiu recentemente seu testamento, citando os riscos de seu trabalho: “Defender liberdades traz muitos inimigos, inclusive dentro de Estados poderosos”, disse.
Ele garantiu que sua fortuna não está guardada em contas bancárias e que não possui bens como casa, iate ou jato particular, embora alugue esses itens eventualmente. A maior parte de seus ativos, disse, está atrelada ao valor de mercado do Telegram. “Como não estou vendendo o Telegram, não importa. Meus ativos líquidos são muito menores e vêm do meu investimento em bitcoin em 2013”.
Segundo Durov, após sua morte, o Telegram será administrado por uma fundação sem fins lucrativos. “Quero que ela continue existindo de forma independente, respeitando a privacidade e a liberdade de expressão”.
Na mesma entrevista, ele também comentou sua prisão na França, em agosto de 2024. O empresário é investigado por suposta cumplicidade em crimes como abuso sexual infantil e fraudes realizadas por meio da plataforma. “Criminosos usarem nosso serviço de mensagens entre muitos outros não significa que aqueles que o administram sejam criminosos. Nada jamais foi provado mostrando que eu seja, nem por um segundo, culpado de qualquer coisa”, disse.