No coração do Recôncavo Baiano, mulheres negras e pessoas LGBTQIAPN+ do quilombo Santiago do Iguape, em Cachoeira, encontraram no artesanato uma forma de transformar realidade e preservar tradições.
O projeto Sururuelas reaproveita cascas de sururu, descartadas após a mariscagem, na produção de biojoias, gerando renda, fortalecendo a autonomia financeira e promovendo sustentabilidade.
A iniciativa nasceu da inquietação de Rosanegra, nome social de Pan Batista, que percebeu o impacto ambiental causado pelo acúmulo das cascas, além do mau cheiro que afetava a comunidade.
Inspirada em projetos semelhantes de outros estados, como Alagoas e Pernambuco, ela adaptou a técnica para sua região e, após testes, passou a desenvolver peças artesanais que carregam a história do território.
Foto: Zaire Ominira/Rede Elas Negras Conexões
Com o primeiro edital aprovado, a proposta ganhou força. Desde então, mais de 200 pessoas participaram de oficinas de capacitação que vão além da produção de biojoias, abrangendo temas como precificação, design e gestão de pequenos negócios.
O quilombo de Santiago do Iguape abriga 475 famílias em uma área de 1,9 mil hectares. O território ainda luta pela titulação definitiva, mas avançou recentemente com a publicação do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) pelo Incra, em março deste ano.
O Sururuelas se conecta diretamente à luta pelo território e à preservação ambiental. As mulheres envolvidas também monitoram as águas locais, observando mudanças e impactos ambientais, e desenvolvem projetos de educação socioambiental, como o “Omi Wa – Nossas Águas”, que será lançado neste mês de junho.
