Invasão de turistas: museu do Louvre fecha portas em protesto; entenda

Invasão de turistas: museu do Louvre fecha portas em protesto; entenda

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

José Mion/Alô Alô Bahia com informações da VEJA

Reprodução/Louvre.com

Publicado em 16/06/2025 às 15:31 / Leia em 3 minutos

Em um movimento raro e inesperado, o Museu do Louvre, em Paris, manteve suas portas fechadas nesta segunda-feira (16), deixando milhares de turistas sem acesso ao maior museu do mundo. A paralisação, decidida espontaneamente pelos próprios funcionários durante uma reunião de rotina, foi um protesto contra o chamado “overtourism”, a crescente invasão de turistas que vem sobrecarregando a infraestrutura da instituição e tornando insustentáveis as condições de trabalho.

Com cerca de 30 mil visitantes por dia, os trabalhadores do museu enfrentam jornadas exaustivas, agravadas pela falta de áreas de descanso, banheiros insuficientes e o calor intenso potencializado pela pirâmide de vidro, que marca a entrada do museu. Turistas com ingressos aguardaram por horas no local sem qualquer explicação oficial.

O sindicato que representa os trabalhadores afirma que a superlotação e o corte nos subsídios estatais tornaram o ambiente insalubre. Só a sala onde está a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, recebe em média 20 mil pessoas por dia, transformando a experiência de contemplação em uma verdadeira batalha por espaço, enquanto obras de mestres como Ticiano e Veronese passam despercebidas.

A greve do Louvre se soma a uma onda de protestos contra o turismo de massa em várias cidades europeias, como Lisboa, Veneza e Maiorca. Além da deterioração da experiência cultural, moradores locais denunciam a elevação do custo de vida e a perda da qualidade urbana.

Apesar de o governo francês ter anunciado recentemente um plano de reforma de 800 milhões de euros para modernizar o museu, incluindo uma nova entrada, áreas de descanso e uma sala exclusiva para a Mona Lisa, os recursos operacionais destinados ao Louvre caíram mais de 20% na última década, mesmo com o crescimento da visitação.

Um memorando interno da presidente do Louvre, Laurence des Cars, vazado à imprensa, revela que partes do edifício “não são mais estanques” e que as variações de temperatura colocam obras inestimáveis em risco. Ela classificou a visita ao museu como “uma provação física”.

O fechamento do Louvre é extremamente incomum. A última vez que isso ocorreu foi durante a pandemia de Covid-19. Antes disso, apenas durante a Segunda Guerra Mundial e em greves pontuais. A direção do museu avalia uma reabertura parcial nos próximos dias, com um circuito limitado que incluiria obras como a Vênus de Milo e a própria Mona Lisa. Até lá, a paralisação segue, reforçando o alerta sobre os impactos da pressão turística em centros culturais globais.

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