Alimento essencial no prato dos baianos, o arroz teve sua venda limitada nos supermercados de Salvador. Em alguns deles, o aviso foi feito nas prateleiras sem muita explicação, mas a medida é ocasionada pelas preocupações levantadas sobre os estoques do produto nos estabelecimentos devido às enchentes no Rio Grande do Sul, estado que é responsável por cerca de 70% do grão consumido no Brasil.
De acordo com a Associação Brasileira dos Supermercados (Abras), a logística e o abastecimento dos produtos essenciais estão sendo monitorados, mas até então os estoques e as operações do varejo estão normalizados. “Nesse cenário, a Abras recomenda que os consumidores não façam estoques em casa para que todos tenham acesso contínuo ao produto”, escreveu em nota.
A associação ainda disse que tem buscado informações sobre estoques reguladores e se os estoques armazenados no Sul foram impactados. O posicionamento da Abras é o mesmo adotado pela Associação Baiana de Supermercados (Abase), que comunicou que segue as orientações da entidade.
Nos mercados de Salvador, o esforço para evitar que os consumidores estoquem arroz se deu por limitações de 3kg até 5kg por pessoa física. O CORREIO esteve em quatro supermercados na tarde desta sexta-feira (10): Assaí Atacadista em Mussurunga, Atakadão em Pernambués, Bompreço no Canela e Gbarbosa no Iguatemi. Desses quatro, apenas o Bompreço não tinha aviso de limitação da compra do alimento.
No Gbarbosa, a compra do produto foi limitada a 5kg, o que levou o contador Hércules Souza, de 43 anos, a ir ao mercado acompanhado da esposa para garantir a quantidade do grão que costuma comprar mensalmente. Segundo ele, a estratégia adotada será repetida em outro mercado amanhã por medo da escassez.
“É bom se prevenir, porque o brasileiro tem essa mania de se preocupar só quando já está na crise. Por isso, eu e minha esposa já compramos 10kg de arroz, cinco de uma marca e cinco de outra. O preço continua o mesmo, que é R$5,99, mas a tendência é subir. Se a oferta está diminuindo, eles já sabem que lá na frente vai ter problema de abastecimento. E, para mim, não tem alternativa para o arroz. Não gosto muito de farinha nem de macarrão”, contou.
Sem encontrar arroz integral no Assaí Atacadista situado nos Barris, a aposentada Idaci, 72 anos, foi correndo com a filha para o Bompreço do Canela em busca do grão. Isso tudo porque, conforme afirma, a falta do alimento pode comprometer sua saúde. “Já comprei 5kg de arroz parabolizado para guardar e não faltar, mas eu não como desse. Só como arroz integral e se faltar vai me afetar porque tenho que comer todo dia. Eu sou diabética e sigo a recomendação médica, tenho uma dieta. Mas já não encontrei o que como aqui também. Agora, vou procurar macarrão integral, mas não estou feliz com isso não”, reclamou.
Para a cozinheira Jacirene Silva, 49 anos, ficar sem arroz é instaurar uma separação. “Na minha casa, só se come feijão e arroz. E o arroz é muito base, porque comemos com quase tudo aqui na Bahia, seja com uma moqueca ou um estrogonofe. Então, me preocupa a possibilidade de faltar, tanto é que amanhã eu já venho comprar mais. Da próxima vez, compro dois quilos e trago meu filho pra comprar também”, disse.