Relembre a trajetória do líder espírita Divaldo Franco, que morreu nesta terça (13)

Relembre a trajetória do líder espírita Divaldo Franco, que morreu nesta terça (13)

Redação Alô Alô Bahia

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Publicado em 13/05/2025 às 22:50 / Leia em 9 minutos

O líder religioso Divaldo Franco, que morreu nesta terça-feira (13), aos 98 anos, em Salvador, era denominado ‘O Semeador de Estrelas’. Além da importância religiosa, Divaldo deixa sua marca na assistência aos necessitados. Há 72 anos, em parceria com o amigo Nilson de Souza Pereira, fundou a Mansão do Caminho, na capital. Um dos principais médiuns da atualidade enfrentava, desde 2023, vários problemas de saúde, incluindo um diagnóstico de câncer de bexiga. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos, segundo a assessoria da Mansão do Caminho.

O nascimento

Naqueles recuados dias do ano de 1926, um médico, em seu consultório na cidade de Feira de Santana, na Bahia, declarara a Dona Anna, na ocasião de sua última gravidez – cuja criança viria ser o médium Divaldo Franco –, a seguinte frase: “Dona Anna Franco, a senhora ficou grávida aos 44 anos. Não é ‘barriga d’água’, como está pensando. Se a senhora não fizer o aborto, seu filho vai nascer… anormal!”.

Dona Anna, contudo, não aceita o diagnóstico e prossegue com a gravidez daquela criança, que seria o “derradeiro” de 12 irmãos. Meses depois, ela constata que, diferentemente da determinação precipitada do médico, o menino era normal. E, mais tarde, surpreenderia a todos por ser… paranormal!

Divaldo Pereira Franco nasceu no dia 5 de maio de 1927, em Feira de Santana, na Bahia. É o caçula do casal Francisco Pereira Franco e Anna Alves Franco, que gerou outros 12 filhos, dos quais cinco faleceram antes mesmo de Divaldo nascer. Aliás, a infância do maior divulgador da Doutrina Espírita na atualidade, considerado embaixador do Espiritismo no mundo todo, não foi das mais fáceis, mas era dentro de seu próprio lar que o pequeno Divaldo enfrentava as maiores dificuldades em razão de sua forte mediunidade. Tanto seus irmãos mais velhos, que o chamavam apenas “Di”, quanto seu pai o recriminavam pelas visões e até lhe aplicavam surras, considerando que se tratava de algo demoníaco.

Primeira infância

Em 1931, aos 4 anos de idade, vê aproximar-se dele uma senhora que lhe pede para dar um recado, assim: “Diga a Anna que sou Maria Senhorinha”. O menino não estranhou nada. Era um pedido normal. Ali estava uma senhora como as outras, que lhe pedia para transmitir um recado à mãe dele, Anna, e ele faz o que aquela lhe pedia. Entretanto, ao formular o recado, D. Anna tenta dissuadir o menino, dizendo-lhe que Maria Senhorinha não poderia estar ali mandando recados, porquanto ela fora sua avó, que ela, Anna, não conhecera, porque morrera precisamente do parto dela há muito tempo e no seu entender os mortos não falam com os vivos.

D. Anna ficou impressionada com a convicção do menino a respeito da sua visão, mesmo porque tais fenômenos começavam a ocorrer frequentemente com ele. Por via das dúvidas, tomou uma decisão. Pegou o menino e foi à casa da irmã mais velha, Edwiges, que a tinha criado na ausência da mãe e vivia, nesse tempo, presa ao leito por uma paralisia. Na presença da tia, o menino foi instruído a reproduzir a história, e o fez da melhor maneira possível, nos precários limites do seu vocabulário infantil: “Era uma mulher magrinha, de olhos verdes e usava um vestido branco, de babados plissados, mangas compridas e gola muito alta. Tinha os cabelos penteados para trás, presos em coque, como se usava antigamente”.

Tia Edwiges nem precisou falar muito, pois as lágrimas escorriam-lhe pela face. Bastou uma frase curta e emocionante: “Anna, é mamãe! É mamãe, Anna!”.

Primeiros contatos com o Espiritismo

Os primeiros contatos do menino Divaldo com a dimensão espiritual foram dramáticos. Afinal, mesmo um adulto se assustaria ao descobrir que algumas pessoas que vê já desencarnaram, sem contar a discriminação que sofria em razão das visões. E as visões terrivelmente perturbadoras provocadas por maus Espíritos tiravam-lhe o sono. Para piorar a situação, um Espírito obsessor começou a persegui-lo quando ainda tinha cerca de 7 anos de idade. Tratava-se da alma de um religioso que buscava vingança por desentendimentos em uma encarnação passada, mais precisamente no século XVII, quando ambos eram religiosos franceses e Divaldo provocou a interrupção da encarnação de seu perseguidor. Mesmo depois de pedir perdão e mostrar-se arrependido ao saber o motivo do Máscara-de-Ferro, como ele chamava seu “inimigo” que aparecia com o rosto coberto por uma espécie de máscara em chamas, levaria muitos anos até que a animosidade se encerrasse. Tudo acabou graças ao bom coração de Divaldo, já adulto, que acolheu uma criança abandonada em uma lata de lixo, a qual era a reencarnação da mãe da Entidade que o assombrava. Mas por muitos anos o Máscara-de-Ferro fez de tudo para atrapalhar a vida de Divaldo, por sorte, sem obter sucesso.

Outros acontecimentos traumáticos ainda abalariam a infância e adolescência de Divaldo. Um deles foi o suicídio de sua irmã Nair, em 1939, após descobrir que era traída pelo marido. Ela e Divaldo se davam muito bem, e o acontecimento o entristeceu. Mais ainda porque, não muito tempo depois, começou a ver o Espírito da irmã, que sofria bastante pela atitude impensada e sempre aparecia implorando ajuda. Depois de muitos anos, Nair reencarnou como filha de uma mulher bem pobre que recorreu à Mansão do Caminho por não ter como alimentá-la. Nessa nova passagem, com uma saúde frágil, foi acolhida pelo irmão, que cuidou dela até os 9 anos, quando desencarnou mais uma vez.

Cinco anos depois, nova tragédia abalou a família do médium. Desta vez, José, um dos irmãos de Divaldo, muito querido por ele, foi quem teve uma morte traumática, vítima de um aneurisma. No velório de José, Divaldo sentiu que suas pernas haviam “sumido” e acabou sofrendo com uma paralisia que o deixaria de cama por cerca de seis meses. A “cura” (não era nenhuma doença) acabou sendo decisiva para o futuro de Divaldo e do próprio Espiritismo brasileiro.

Depois de recorrer a alguns médicos que não conseguiram diagnosticar a natureza do problema, desesperada, a família aceitou que a médium Ana Ribeiro Borges, conhecida também por Dona Naná, à época bastante famosa e de passagem pela cidade, fosse ver o jovem, por sugestão de Clarice, uma prima de Divaldo. Dona Naná não demorou a identificar o Espírito José, que, perturbado pela morte repentina, prendia-se ao irmão. Então, com orações e toda sua experiência, a médium conseguiu que Divaldo se levantasse e voltasse a caminhar. Mais do que isso, identificou a forte mediunidade do jovem e acabou sendo a responsável por apresentá-lo à Doutrina Espírita.

Levado pela mãe, a conselho de Dona Naná e de um primo chamado Theobaldo, que também era médium, Divaldo pisou pela primeira vez em uma instituição kardequiana, o Centro Espírita Jesus de Nazaré, que se mantém em atividade até os dias atuais. Por influência da Dona Naná, que estreitou laços de amizade com a família de Divaldo, o jovem médium mudou-se para Salvador em 1945. Começava, assim, uma nova etapa de sua vida.

Mansão do Caminho 

A Mansão do Caminho, construída numa área de 78 mil metros quadrados e com 44 edificações, está envolvida pelo verde profundo da mata nativa e pelo colorido festivo dos seus jardins.

Divaldo Franco e Nilson de Souza Pereira, mais conhecido como Tio Nilson, fundaram esta obra de amor e fraternidade no dia 15 de agosto de 1952, na cidade do Salvador, na Bahia.

O primeiro prédio da Mansão do Caminho – nome dado em homenagem à Casa do Caminho, criada pelos primeiros cristãos – situava-se na rua Barão de Cotegipe, nº 124, no bairro da Calçada, em Salvador. Todavia, no ano de 1955 foi adquirido o terreno onde hoje se situa a Mansão do Caminho, no bairro de Pau da Lima.

Começava a nascer, então, o que viria a ser a experiência dos lares-famílias, reprogramando o ambiente familiar com sábias orientações morais, cristãs e espíritas, envolvido pela ternura fraternal dos tios e das tias, sempre sob a orientação de Divaldo Franco e de Tio Nilson. Assim, sob as luzes e as bênçãos da nobre mentora espiritual Joanna de Ângelis, esses lares floresceram, contribuindo com o aprimoramento intelectual, moral e espiritual de centenas de crianças que receberam desta colmeia de amor a oportunidade ímpar de uma existência digna e feliz.

Nos dias atuais, a Mansão do Caminho recebe diariamente mais de 5 mil pessoas, que buscam auxílio material, educacional e espiritual. No departamento educacional, acolhe quase dois mil alunos, que iniciam a sua história de vida na Creche A Manjedoura, passando pelo Jardim de Infância Esperança, pela Escola Alvorada Nova, seguindo pelas Escolas Jesus Cristo e Allan Kardec, no ensino fundamental, e prosseguem com seus estudos até o ensino médio, no Colégio Nilson de Souza Pereira.

No departamento de assistência social, a Caravana Auta de Souza realiza atividades socorristas diárias, oferecendo auxílio a mais de 500 pessoas em estado de vulnerabilidade social, com patologias graves, idosos e gestantes. Por meio do Centro Socioassistencial Integrado Ana Franco, a Mansão do Caminho desenvolve atividades extraescolares, com cursos artísticos e profissionalizantes para os alunos matriculados. A Casa ainda oferece assistências através do Projeto Encontros de Cidadania da Melhor Idade, o Grupo de Ação Comunitária Lygia Banhos e o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC).

No que se refere à saúde integral, o Centro de Saúde Dr. José Carneiro de Campos, que leva o nome de nobre instrutor espiritual, é hoje uma unidade mista com várias especialidades e laboratório de análises clínicas, prestando serviços de qualidade profissional inquestionável.

 

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