A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) revogou, nesta sexta-feira (9), o título de Doutor Honoris Causa concedido ao general Emílio Garrastazu Médici, presidente do Brasil entre 1969 e 1974, em pleno auge da ditadura militar. A decisão foi unânime no Conselho Universitário da instituição.
O título, uma das mais altas honrarias acadêmicas, foi concedido a Médici em 1974, último ano de seu mandato. Segundo a universidade, ele não atendia aos critérios estabelecidos no regimento interno, que exige que o homenageado seja uma “personalidade eminente, nacional ou estrangeira, que tenha se destacado singularmente por sua contribuição à cultura, à educação ou à humanidade”.
O período em que Médici esteve à frente do governo é conhecido como os “Anos de Chumbo”, marcados pelo endurecimento da repressão, censura, tortura e assassinatos de opositores do regime militar. A Comissão Nacional da Verdade registrou ao menos 180 violações graves de direitos humanos nesse período.
A decisão da universidade teve como base o relatório da Comissão da Verdade e Memória Luís Paulo da Cruz Nunes, criada pela Uerj em 2024 para apurar crimes cometidos dentro da instituição durante os 21 anos do regime militar. O documento destaca que, mesmo diante da quantidade de violações, “os elementos já são suficientes para justificar a retirada do título com base no próprio regimento que o institui”.
A reitora da Uerj, Gulnar Azevedo e Silva, afirmou que a decisão representa um “ato de reparação histórica” e reforça o compromisso da universidade com os valores democráticos e os direitos humanos.
