Do bairro da Liberdade para o mundo: conheça editora baiana que celebra 12 anos dando destaque a escritores negros e periféricos

Do bairro da Liberdade para o mundo: conheça editora baiana que celebra 12 anos dando destaque a escritores negros e periféricos

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Kirk Moreno para o Alô Alô Bahia

Divulgação / Editora Organismo

Publicado em 29/04/2025 às 08:43 / Leia em 3 minutos

Há 12 anos, na periferia de Salvador, surgia a Organismo, editora que nasceu com o compromisso de levar mais diversidade para o cenário editorial, especialmente pela valorização de autorias negras. Este objetivo faz jus ao local de surgimento da marca: o bairro da Liberdade, território na capital baiana de forte presença afrodescendente, com rica herança cultural e intensa vida comunitária.

A Organismo foi fundada em abril de 2013 pelo escritor Jorge Augusto – que hoje divide o comando da marca com a também escritora Fernanda Santiago. Este ano, a editora celebra suas bodas de seda com mais de 120 títulos publicados, sendo cerca de 80% de escritoras – a maioria – e escritores negros.

Os primeiros livros e edições da Revista Organismo

A editora completa 12 anos atravessando os mesmos desafios enfrentados pela classe trabalhadora, pela população negra e demais grupos minoritários, neste país: a luta diária pela existência. Ao mesmo tempo em que resiste, a Organismo constrói uma história importante para a publicação negra e periférica na Bahia e no Brasil”, afirma Jorge Augusto.

A editora baiana já conquistou reconhecimento nacional, com obras finalistas de prêmios como o Jabuti – o livro “Palavra Preta”, de Tatiana Nascimento – e o Oceanos – “Diário da Encruza”, de Ricardo Aleixo. Títulos da editora também foram indicados para leitura no vestibular da Universidade do Estado da Bahia (UNEB): “A casa do mistério ou a casa do renascimento”, de Gildeci Leite, e o “Dia Bonito Pra Chover”, de Lívia Natália.

Fernanda Santiago e Jorge Augusto

Mesmo com o reconhecimento crescente, a editora ainda enfrenta barreiras. “Ainda é comum que eventos literários resistam em incluir editoras baianas. A ausência de políticas públicas efetivas voltadas ao fortalecimento do livro e da leitura fragiliza a atuação de várias editoras do estado. Ainda hoje, autores e editoras do Sul e Sudeste seguem sendo mais valorizados do que a prata da casa”, pontua Fernanda Santiago, que já tem mais de 30 livros editorados.

A marca agora se prepara para alçar voos internacionais. Alguns livros da editora estão em processo de tradução. Um deles é o “Cativeiro”, escrito por Osmundo Pinho, que será lançado em inglês, nos Estados Unidos.

Celebração dos 12 anos

Uma programação celebrou, em Salvador, os 12 anos da Organismo. Abrindo as comemorações, teve o lançamento do livro “Modernismo Negro”, de Jorge Augusto — que também é intelectual, poeta e professor. A obra propõe uma releitura da modernidade brasileira a partir de perspectivas negras e periféricas, tendo como ponto de partida a literatura de Lima Barreto. O título integra a coleção “NaEncruza”, da Editora Segundo Selo, braço editorial da Organismo.

Modernismo Negro, novo livro de Jorge Augusto que propõe uma releitura da modernidade brasileira

Encerrando a agenda comemorativa, no último dia 22, uma roda literária foi realizada com a presença das escritoras Silvana Carvalho, Anajara Tavares, Vânia Melo, Kota Gandaleci e Patrícia Silva, sob mediação da professora Ana Carla Portela. O encontro celebrou o legado coletivo e a força da escrita negra feminina no estado.

Escritoras da Ciranda Das Pretas, último evento da agenda em comemoração aos 12 anos da editora

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