Baianos que vivem na Europa relataram ao g1 os impactos do apagão que atingiu partes da Espanha e de Portugal, nesta sexta-feira (28). Em Barcelona, onde a energia elétrica ficou suspensa por quase dez horas, o publicitário soteropolitano Victor Rodriguez registrou o momento em que a luz voltou, por volta das 22h (17h em Brasília), em meio a gritos de alívio dos vizinhos.
O blackout afetou serviços essenciais, como trens, aeroportos e telecomunicações. Victor contou que ficou sem conseguir se comunicar com a família, a esposa e os dois filhos, um deles doente, por horas. “Foi frustrante. A gente fica com aquela sensação esquisita de estar completamente desconectado”, disse.
Sem energia desde o início da tarde, moradores correram a mercados em busca de velas, rádios e mantimentos. Pagamentos só eram possíveis em dinheiro, o que dificultou a compra de itens básicos. “Precisávamos comprar leite de fórmula e não conseguimos. Ninguém da família tinha dinheiro em espécie”, afirmou.
O fornecimento de gás, necessário para aquecer a água e cozinhar, também foi interrompido. “Mesmo na primavera, a água estava gelada. Não dava para tomar banho nem esquentar comida”, relatou.
Em Portugal, o estudante de doutorado Maurício Bonatte, que vive no Porto há mais de cinco anos, disse que a luz caiu por volta das 12h, voltou à noite e caiu novamente. Celulares e notebooks descarregados, ausência de sinal de telefonia e gás interrompido agravaram a situação. Cafés improvisaram refeições com alimentos prontos, mas o clima era de incerteza. “Surgiram boatos de que o apagão duraria 72 horas. Ninguém sabia o que era real”, relatou.
Também baiana, Indiara Vitorio, de Feira de Santana, vive em Ovar e estava em home office com o marido quando tudo apagou. A internet caiu, surgiram fake news e a produção precisou ser interrompida. “Apostei que a energia voltaria no mesmo dia e, por sorte, voltou às 20h30”, contou.
Empresário do setor de entregas online, o baiano Joris Andrade relatou prejuízos. Sem telefone ou campainhas funcionando, as entregas ficaram comprometidas: “Foi um apagão completo. Os prédios estavam fechados, os entregadores não conseguiam contato com ninguém.”
Ele também chamou atenção para os transtornos com carros elétricos. “Ficamos sem saber quando poderíamos recarregar. Muita gente teve que abandonar o carro na rua por falta de energia”, contou. Sem semáforos nas ruas, Joris presenciou acidentes e reforçou que a orientação era ficar em casa: “A cidade virou um domingo forçado”.
Até agora, autoridades locais não divulgaram a causa do apagão. Espanha chegou a declarar estado de emergência nacional.