Pesquisadores do Instituto Oceânico Schmidt capturaram, em vídeo, uma lula‑colossal (Mesonychoteuthis hamiltoni) viva em águas profundas pela primeira vez. O registro ocorreu em março, nas proximidades das Ilhas Sandwich do Sul, no Atlântico Sul, região ao norte da Antártica e a leste do extremo sul da América do Sul.
O animal filmado trata‑se de um exemplar juvenil, com cerca de 30 centímetros de comprimento. Sua coloração translúcida contrasta com oito braços de tonalidade alaranjada e dois tentáculos mais longos. A gravação foi realizada em completa escuridão, utilizando iluminação artificial para destacar a movimentação da criatura.
Adultos da espécie podem atingir até 7 metros de comprimento e pesar aproximadamente 500 quilos, tornando‑se o invertebrado mais pesado conhecido. Diferentemente da lula‑gigante, mais leve mas de comprimento estimado superior, a lula‑colossal vive exclusivamente em águas antárticas profundas.
O avistamento integrou o Censo Oceânico, iniciativa global que reúne centenas de cientistas para catalogar espécies marinhas ainda pouco estudadas. A embarcação e os equipamentos foram fornecidos pelo Instituto Oceânico Schmidt, responsável pela expedição.
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Kathrin Bolstad, especialista em cefalópodes da Universidade de Tecnologia de Auckland, auxiliou na confirmação da espécie. Ela ressaltou que, antes deste registro, lulas‑colossais só haviam sido filmadas mais próximas à superfície, quando emergiam para caça ou eram capturadas por redes de pesca.
Ainda em janeiro, pesquisadores do mesmo projeto também registraram pela primeira vez imagens de uma lula‑de‑vidro‑glacial. Para Jyotika Virmani, diretora executiva do instituto, esses registros consecutivos “reforçam o quanto o Oceano Antártico ainda guarda segredos e motiva a exploração científica em suas profundezas.”