Nascido em uma das cidades mais históricas do Brasil, o Olodum, importante escola de tambores afro-brasileiro, fundado em Salvador, na Bahia, completa 45 anos nesta quinta-feira (25). O aniversário será celebrado com um show especial, a partir das 19h, na Varanda Cultural de sua sede, a Casa do Olodum, no Pelourinho. Desde a sua criação, o grupo tem como missão, promover a cultura afro-brasileira e combater o racismo e a discriminação, bem como a desigualdade social, por meio da música, da dança e da educação.
O Olodum se tornou um símbolo de resistência e empoderamento para a comunidade afrodescendente não só no Brasil, mas também no mundo. Ainda hoje, é um fenômeno internacional, com apresentações em mais de 43 países e, carrega consigo, a marca de ser o único na América a participar de uma apresentação com o artista Michael Jackson.
Nome, significado e trajetória
Olodum é uma palavra de origem Yorubá que dentro da religião Candomblé significa “Deus dos Deuses” ou “Deus Maior”. Marcado por sua influência em difundir a cultura afro-brasileira, sobretudo baiana, o grupo Olodum tem grande influência do movimento afro-cultural Ilê Aiyê.
O Olodum fundado em 25 de abril de 1979, em Santa Isabel, Salvador, por Geraldo Miranda, sob o lema da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH):
“Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos. Ninguém será submetido à tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.”
O Olodum alcançou fama internacional na década de 1980. Em 1983, o bloco foi reestruturado, agora, não estava somente preocupado em levar a folia aos moradores da região, mas sim, de pesquisar profundamente o legado do seu povo ancestral.
“Era um sonho de liberdade, de expressão, de vontade de vencer e de ter condições melhores. Foi uma abertura para ser uma comunidade do centro histórico de Pelourinho Maciel”, explicou Geraldo Miranda, fundador do Olodum.
“O Olodum é o resultado de toda essa massa humana que atravessou o [oceano] Atlântico e aportou aqui no Brasil. Bahia é a África do lado de cá”, contou o cantor, compositor e pesquisador Mateus Aleluia.
Suas cores formam a base do Pan-africanismo, Rastafarianismo e do Movimento Reggae, que mistura o verde, representando as florestas equatoriais da África, o vermelho, trazendo o sangue da raça negra, o amarelo, simbolizando o ouro da África, o preto, estampando o orgulho da população negra e o branco, configurando a paz mundial.
Suas músicas misturam saberes ancestrais, informação e resistência, alcançando reconhecimento internacional, como turnês pelo mundo todo e colaborações com artistas renomados, como Michael Jackson, Paul Simon e outros.
Olodum também é repercussão, que inclui tambores tradicionais, como o tribal o agogô e o atabaque. Esses tambores combinados com as danças, as cores pan-africanistas, são parte fundamental das apresentações cativante.
(Foto: Reprodução/Facebook)
Agente de transformação social
Além da sua contribuição artística, o Olodum também é conhecido pelos seus projetos sociais e educativos. O grupo mantém uma escola de percussão em Salvador, onde oferece aulas gratuitas para crianças e jovens da comunidade, promovendo a inclusão social e o desenvolvimento pessoal através da música.
Esteve além da sua época, engajando em questões políticas e sociais, participando de campanhas e movimentos em defesa dos direitos humanos, da igualdade racial e da justiça social. Sua influência e visibilidade para conscientizar o público sobre questões importantes e promover mudanças positivas na sociedade, foi de mera relevância para a construção da cultura afro no Brasil.
Ao longo dos anos, o Olodum recebeu diversos prêmios e honrarias, tanto no Brasil quanto no exterior, em reconhecimento ao seu trabalho cultural e social. Continua e ativo até agora, realizando apresentações, lançando novas músicas e participando de projetos comunitários.
O Olodum é mais do que um grupo musical, é uma instituição cultural que representa a força, a resistência e a criatividade do povo afro-brasileiro. Sua história inspiradora continua a impactar gerações, celebrando a diversidade e promovendo a igualdade em todo o mundo.