Congresso aprova aumento de deputados no mesmo dia em que limita receita do governo

Congresso aprova aumento de deputados no mesmo dia em que limita receita do governo

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

José Mion/Alô Alô Bahia com informações do g1

Reuters/Adriano Machado

Publicado em 26/06/2025 às 06:46 / Leia em 3 minutos

Em uma articulação coordenada, o Senado e a Câmara dos Deputados aprovaram nesta quarta-feira (26) o projeto que eleva de 513 para 543 o número de deputados federais a partir da próxima legislatura, prevista para 2027. A proposta, que terá impacto sobre os gastos públicos, foi impulsionada por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a readequação da representação estadual na Câmara com base no Censo de 2022. A Corte, no entanto, defendia apenas a redistribuição das vagas, e não o aumento total de parlamentares, como decidiu o Congresso.

Com a aprovação no Senado e a votação expressa na Câmara logo em seguida, o texto segue agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A mudança redistribui cadeiras entre os estados, ampliando a representação de unidades da federação que ganharam população nas últimas décadas, como Amazonas, Santa Catarina, Goiás e Pará. Já estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Piauí perderão cadeiras por terem diminuído proporcionalmente em número de habitantes.

Impacto fiscal

O texto aprovado no Senado prevê um impacto direto de R$ 10 milhões por ano com os salários dos novos parlamentares. Outras despesas, como passagens, cotas parlamentares e verbas de gabinete, devem ser divididas entre os 531 deputados, com base nos patamares de 2025 para o ano seguinte.

Com essa limitação, o impacto total estimado cai de R$ 150 milhões para aproximadamente R$ 95 milhões anuais, incluindo os efeitos nas assembleias legislativas dos estados. Considerando apenas o Congresso Nacional, o gasto adicional será de R$ 64 milhões ao ano.

A cláusula que impõe limites às despesas foi sugerida pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE) e acolhida pelo relator da proposta, senador Marcelo Castro (MDB-PI). Ainda assim, o texto permite reajustes futuros com base em correções monetárias, o que abre espaço para aumentos graduais nos valores ao longo do tempo.

A última atualização do número de deputados com base populacional havia ocorrido em 1993, com base no Censo de 1980. Desde então, o total de cadeiras permaneceu inalterado, apesar das mudanças demográficas. Com a nova regra, cada estado continuará tendo entre 8 e 70 deputados federais, mínimo e máximo estabelecidos pela Constituição. Estados menos populosos, como Roraima, Acre e Amapá, seguem com 8 representantes, enquanto São Paulo continua com os 70.

Críticas à votação acelerada

A aprovação relâmpago gerou críticas entre parlamentares da oposição e setores da sociedade civil, que veem contradição entre a medida e o discurso oficial de contenção de gastos. A proposta foi aprovada no mesmo dia em que o Senado confirmou a derrubada de decretos do Executivo que aumentavam o IOF, o que pode gerar perda de até R$ 10 bilhões em arrecadação.

Com isso, em um único dia, o Congresso pressionou o Orçamento em duas frentes: reduziu a arrecadação e ampliou potencialmente os gastos com a ampliação do número de deputados. A decisão torna ainda mais difícil a missão do governo de atingir a meta de déficit zero em 2025.

Compartilhe

Alô Alô Bahia Newsletter

Inscreva-se grátis para receber as novidades e informações do Alô Alô Bahia