O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou nesta terça-feira (23) um decreto que estabelece diretrizes para a valorização da música gospel e de outros elementos ligados à cultura evangélica no Brasil. A norma reconhece oficialmente o gospel como uma manifestação da cultura nacional e foi apresentada durante uma cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença de lideranças religiosas.
O anúncio ocorre em meio a movimentos do governo para ampliar o diálogo com o eleitorado evangélico, grupo no qual a gestão federal enfrenta altos índices de desaprovação, segundo pesquisas recentes. Levantamento da Quaest divulgado neste mês mostrou aumento da rejeição ao governo entre evangélicos e queda nos índices de aprovação.
Aliados do presidente avaliam que a aproximação com esse segmento pode ter impacto político, especialmente diante das discussões internas sobre uma possível nova candidatura de Lula. O eleitorado evangélico tem sido um desafio recorrente para o petista em disputas eleitorais anteriores, incluindo a eleição de 2022, quando ele divulgou uma carta com compromissos voltados à defesa da liberdade religiosa.
A elaboração do decreto contou com a participação dos ministros Sidônio Palmeira, da Comunicação Social, e Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, além do advogado-geral da União, Jorge Messias, e da senadora Eliziane Gama, do PSD do Maranhão, que mantém interlocução com igrejas evangélicas.
Durante o discurso, Lula afirmou que a medida representa um gesto de reconhecimento à comunidade evangélica e à produção cultural ligada à fé cristã. Segundo o presidente, a ausência de reconhecimento formal dificultava a inclusão do gospel nas políticas públicas culturais e nos mecanismos de preservação.
O texto do decreto define como parte da cultura gospel manifestações como a música, em seus diferentes estilos, expressões cênicas e corporais, artes visuais, literatura religiosa e outras produções culturais inspiradas na vida cristã. A norma também prevê que as políticas culturais passem a incluir ações específicas para incentivo à criação, formação profissional, preservação de acervos e circulação de artistas e obras gospel no Brasil e no exterior.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, afirmou que o decreto aproxima as comunidades de fé das políticas culturais institucionais e reforçou que a política cultural deve contemplar a diversidade de crenças presentes no país. Segundo ela, a medida amplia a formação de agentes culturais e fortalece a articulação entre União, estados e municípios na valorização da cultura gospel.
*Com informações do g1
